Cargueiro KC-390 faz primeiro voo e busca certificação
Valor EconômicoDepois de concluir com sucesso o primeiro teste em voo, realizado na manhã de ontem em Gavião Peixoto (SP), o KC-390, jato de transporte militar e reabastecimento em voo, produzido pela Embraer, dará início aos ensaios dos dois protótipos, visando a certificação final, prevista para 2016.
Segundo o presidente da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider, a previsão é que sejam realizadas cerca de 1800 horas de voo teste com o cargueiro, considerado o maior e mais complexo avião produzido pela empresa. "Foi um voo excelente. A aeronave voou uma hora e meia e cumpriu todos os requisitos do projeto e objetivos da missão", disse.
O executivo da Embraer disse que a empresa projeta vendas da ordem de US$ 20 bilhões para o KC-390 nos próximos 10 a 15 anos, além de gerar cerca de 15 mil empregos diretos e indiretos nas fases de desenvolvimento e produção da aeronave. Mais de 50 empresas brasileiras participam do projeto.
O KC-390 conta com 32 cartas de intenção de compra da Argentina, Portugal, República Tcheca e Colômbia. A Força Aérea Brasileira (FAB) encomendou 28 unidades e mais suporte logístico, um contrato avaliado em R$ 7,2 bilhões. A Força Aérea Sueca já declarou que tem interesse na aeronave, além dos Emirados Árabes Unidos.
O diretor do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), brigadeiro do ar Alvani Adão da Silva, afirmou que o avião desperta a atenção do mundo inteiro, principalmente, porque não tem um concorrente diretor dentro da sua classe, de 23 toneladas.
Segundo Schneider, os atrasos nos pagamentos para o projeto do KC-390 pela FAB, devido aos contingenciamentos de recursos feitos pelo governo, não prejudicaram o cronograma de desenvolvimento do avião, que está em dia. "O KC-390 está sendo desenvolvido dentro do prazo acordado e do orçamento previsto", afirmou. O executivo disse que existe a expectativa de que os pagamentos sejam regularizados em um curto espaço de tempo.
Como projeto estratégico, incluído no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o diretor do DCTA espera que o KC-390 receba tratamento prioritário da equipe econômica no que diz respeito ao orçamento previsto.
Segundo o Valor apurou, a Embraer precisou recorrer ao caixa da empresa para conseguir cumprir o cronograma de desenvolvimento da aeronave. O valor contingenciado em 2014 chegou a R$ 500 milhões. Mês passado a empresa revisou a sua projeção de fluxo de caixa livre em 2014 para um valor negativo de US$ 400 milhões.
A produção seriada do KC-390 teve início em maio do ano passado. Para produzir os aviões e também os equipamentos de apoio de solo, logística inicial e treinamento de pilotos e mecânicos, a FAB conseguiu aprovar uma verba de R$ 1,9 bilhão.
O primeiro voo foi programado inicialmente para dezembro, mas foi adiado diversas vezes também em janeiro, por questões de segurança e ajustes finais.
O novo comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Nivaldo Rossato, disse que o KC-390 terá papel fundamental em diversos projetos, da pesquisa científica à manutenção da soberania. O KC-390 vai substituir os C-130 Hércules da FAB e cumprir missões como transporte de tropas e carga, lançamento de paraquedistas e combate a incêndios.