11/11/09 11h46

Cargill e Dreyfus pagam US$ 167,4 mi por terminal

Valor Econômico

O consórcio formado pelas multinacionais Cargill e Dreyfus, com o ágio de R$ 221 milhões (US$ 128,5 milhões), vai explorar o terminal de 48 mil m2 na margem esquerda do porto de Santos, destinado ao embarque de granéis vegetais sólidos, preferencialmente soja, em grão e farelada, e milho. Esse valor representa acréscimo de 230% ao mínimo exigido pela Codesp, de R$ 67 milhões (US$ 39 milhões), para entregar a área ao setor privado. Explorada unicamente pela Cargill durante 23 anos, o local representa uma das raras oportunidades para o desenvolvimento de logística diretamente ligada à água na região de Santos, cidade supervalorizada nos últimos anos pelo aumento do comercio exterior brasileiro e agora pelo potencial das operações do pré-sal.

Apesar dos mais de 30 editais vendidos pela Codesp, concorreram apenas quatro grandes grupos, todos com valores bem aquém do vencedor. O segundo postulante, o grupo suíço Volcafé, ofereceu R$ 98,3 milhões (US$ 57,2 milhões); o inglês Wilson, Sons Logística fez proposta de R$ 65 milhões (US$ 37,8 milhões); e Noble Brasil, com raízes na Ásia, R$ 63,8 milhões (US$ 37,1 milhões).

O projeto técnico da proposta vencedora ficará à disposição dos concorrentes por cinco dias para eventuais tentativas de impugnação, caso encontrem alguma irregularidade no processo. O diretor Carlos Koppitke, da Codesp, acredita que, vencida essa etapa e a da habilitação, o contrato seja assinado ainda este ano. No total, Cargill e Dreyfus vão aportar aos cofres da Codesp cerca de R$ 288 milhões (US$ 167,4 milhões), dos quais os R$ 221 milhões (US$ 128,5 milhões) serão à vista. O valor é o equivalente a cerca de 80% das receitas operacionais da estatal em um ano normal de atividades.

A união dos dois grupos, que atuam em commodities agrícolas mundialmente, faz parte da estratégia de consolidação e expansão das atividades no porto de Santos. Com um contrato de 25 anos, renovável por mais 25 anos, a Cargill retira qualquer desconfiança que poderia existir entre os clientes de continuar onde está, ao lado de outra área, de mais de 70 mil m2, explorada pelo Terminal de Exportação de Açúcar de Guarujá (Teag). As duas empresas participam do terminal de açúcar.

Para José Luiz Glaiser, diretor da Cargill, a possibilidade de continuar a explorar a área já dá a perspectiva de conseguir um recorde de embarques em 2010. "Queremos chegar a quatro milhões de toneladas de grãos", diz o executivo. A melhor performance anterior foi em 2007, com 3,8 milhões de toneladas. "O preço que colocamos embute uma visão de futuro. Foi também a maneira de nos posicionarmos ante a concorrência, queríamos evitar surpresas", assegura.