01/06/11 14h39

Canonical dá início a operação direta no país

Valor Econômico

Nos últimos anos, a inglesa Canonical viu seu principal produto, o sistema operacional Ubuntu, ganhar espaço em projetos educacionais e órgãos do governo brasileiro. A estimativa é de que o sistema esteja instalado, hoje, em cerca de um milhão de máquinas. A companhia, porém, não recebeu um tostão por isso. Não que o governo tenha praticado alguma conduta imprópria. Diferentemente do Windows, da Microsoft, o Ubuntu não exige o pagamento de licenças para seu uso. Ele faz parte da família Linux, um sistema operacional gratuito criado sob o conceito de código aberto, que pode ser alterado por qualquer pessoa ou empresa de forma gratuita.

Agora, porém, a Canonical quer mudar esse cenário: o objetivo é aproveitar essa base instalada para ganhar dinheiro. Para isso, a empresa inaugurou um escritório em São Paulo e contratou Maurício Pretto, profissional com 20 anos de experiência no mercado de software de código aberto. Com uma equipe de 15 pessoas, Pretto terá a missão de vender serviços, consultoria e suporte para o Ubuntu às diferentes esferas de governo.

De acordo com o executivo, a Canonical vai assumir diretamente a condução dos projetos que vier a fechar com órgãos públicos. Até agora, os serviços foram prestados pela rede de parceiros da companhia no país. Atualmente, são sete empresas, segundo Pretto. Até setembro, o número pode dobrar. A ideia, diz o executivo, não é deixar os parceiros de fora, mas criar mais oportunidades de negócios, com ganhos maiores para a companhia e seus aliados.

Apesar do foco governamental, a operação da Canonical no Brasil também vai cuidar do atendimento a empresas e do relacionamento com fabricantes de computadores. A ideia é aumentar o número de máquinas vendidas com o sistema pré-instalado. Na avaliação de Pretto, a iniciativa, que já foi tentada sem sucesso no passado, pode dar certo agora por conta da presença local da companhia.

Criada em 2004, a Canonical estima ter 20 milhões de usuários do Ubuntu no mundo. Na conta estão empresas, governos e consumidores residenciais que baixam o sistema pela internet ou o instalam por meio de CDs e pen drives. De acordo com o executivo, o número pode ser ainda maior. É que a Canonical não exige que as pessoas informem que estão usando o sistema. O cálculo do número de usuários é feito por meio de estatísticas de tráfego na internet e outras fontes.

Atualmente, a companhia é a mais forte representante do Linux. Enquanto companhias como Red Hat e Novell voltaram sua atuação ao mercado de empresas, a Canonical tem direcionado seus esforços à massificação do uso do Ubuntu. Nos próximos quatro anos, diz Pretto, o objetivo é multiplicar por 10 o número de usuários, ou 200 milhões no mundo. Para chegar lá, a companhia tem investido em mudanças na aparência do sistema (uma das críticas mais comuns ao Linux) e na criação de serviços como o Ubuntu One. Por ele, sempre que instala o Ubuntu, o usuário ganha um espaço de 2 gigabytes para armazenar arquivos nos computadores da Canonical. A oferta também é fonte de receita potencial para a companhia: quem quiser, pode pagar para ter seu espaço ampliado.