15/07/10 11h20

Canaviais do Centro-Sul devem receber US$ 2,8 bi este ano

Valor Econômico

Após dois anos consecutivos de baixos investimentos, os canaviais do Centro-Sul devem voltar ao foco do setor. A estimativa é de que pelo menos R$ 5 bilhões (US$ 2,8 bilhões) sejam injetados neste ano para reformar uma área de cerca de 1,4 milhão de hectares de cana nos Estados do Centro-Sul - São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. O maior faturamento de usinas e de fornecedores de cana, aliado à perspectiva de que 2010 deve ser um ano de preços remuneradores para açúcar e álcool, justifica os investimentos. Tanto usinas quanto fornecedores de matéria-prima devem investir no replantio dos canaviais, diz Ismael Perina Júnior, presidente da Organização dos Plantadores de Cana do Centro-Sul (Orplana).

A área de 1,4 milhão de hectares equivale a entre 18% e 20% da área total do Centro-Sul, que é de cerca de 7 milhões de hectares. O percentual é o ideal para renovação anual dos canaviais, mas nas últimas duas safras, não foi atingido, segundo Perina. "Acredito que outros 1,4 milhão de hectares ficaram sem renovar nas temporadas 2008/09 e 2009/10", conta. Além de menor índice de renovação de canaviais, afirma ele, o uso de tecnologia nos canaviais já existentes também foi reduzido. Os reflexos já começam a ser sentidos nesta safra, segundo Perina. "Há fornecedores entregando cana na usina com baixo desempenho de açúcar. Esses investimentos precisam ser feitos para que o fornecedor volte ao ciclo economicamente viável".

O motivo da menor aplicação de recursos foi a baixa remuneração paga pela cana. Além disso, a crise mundial e a do próprio setor sucroalcooleiro contribuiu para que muitas usinas deixassem de pagar seus fornecedores. Se os investimentos não forem feitos, diz Perina, a consequência será a escassez de cana nos próximos anos. Já há, segundo ele, indícios de carência de cana em algumas regiões produtoras do Centro-Sul. São casos pontuais, esclarece, e mais comuns nas regiões onde houve sérios problemas de inadimplência de usinas com fornecedores de cana.

Na última safra, a 2009/10, os fornecedores de cana receberam, em média, R$ 46,35 (US$ 25,75) por tonelada da matéria-prima entregue, ainda abaixo do custo de produção, que foi de R$ 53,43 (US$ 29,7), mas 16% acima do realizado no ano anterior, a safra 2008/09. Com as atuais cotações em alta do açúcar e do álcool, Perina acredita que a rentabilidade por tonelada de cana neste ano voltará a subir.