29/10/09 10h56

Cana alivia baixa do valor da produção no campo paulista

Valor Econômico

A cana-de-açúcar vai livrar São Paulo de amargar uma queda histórica no valor de sua produção agropecuária e florestal em 2009. Estimativa preliminar do Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado, aponta que, no total, os 54 principais produtos cultivados em terras paulistas renderão R$ 40,654 bilhões (US$ 23,64 bilhões) este ano, 4,44% menos que em 2008. Mas isso porque a fatia da cana, carro-chefe do campo estadual, deverá chegar a R$ 15,530 bilhões (US$ 9,03 bilhões), aumento de 10,08% na comparação.

"Se lembrarmos do pessimismo que dominava o mercado no fim do ano passado e que os preços de produtos como carnes e grãos recuaram em 2009, até que o resultado geral não é tão ruim. Há alguns pontos negativos, caso da queda do valor da produção da laranja, por exemplo, mas também há destaques positivos, como os avanços da batata e dos ovos", afirmou o secretário da Agricultura de São Paulo, João Sampaio, ao Valor.

Com as variações calculadas pelos pesquisadores do IEA, a participação da cana no valor da produção paulista volta a aumentar consideravelmente. Segundo o balanço preliminar, a fatia chegará a 38,2%, ante 33,2% em 2008 e 36,18% em 2007. É uma concentração encarada com alguma preocupação por Sampaio pelos reflexos desastrosos em anos de mercado adverso. Não é o caso de 2009, quando a produção nos canaviais do Estado deve aumentar 2,93% em relação ao ano passado, para 403,4 milhões de toneladas, e os preços médios, puxados pela boa fase do açúcar, devem subir quase 7%. É o segundo ano seguido de incremento dos resultados da cana em São Paulo. Em relação a 2007, quando a cultura perdeu espaço devido, em parte, à queda de preços do álcool, o valor da produção previsto para este ano é pouco mais de R$ 4 bilhões (US$ 2,3 bilhões) superior.

A pujança da cana paulista aparece com todas as suas cores quando o IEA lista as principais regiões produtoras do Estado - Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR), segundo a terminologia da secretaria - por valor da produção. É a cana que mantém Barretos como o principal desses EDRs, com valor da produção calculado em R$ 2,047 bilhões (US$ 1,19 bilhão) em 2009, mesmo nível de 2008. E é a cana o principal produto agrícola cultivado em nove dos dez principais EDRs paulistas. A honrosa exceção é Itapeva, que aparece na sétima posição e onde a "estrela" é o tomate para mesa.

Os resultados preliminares da pesquisa mostram que a carne bovina permanece como o segundo produto agropecuário mais importante de São Paulo. O valor da sua produção deverá atingir R$ 5,065 bilhões (US$ 2,9 bilhões) em 2009, 1,6% menos que no ano passado, mas sua participação no total deve passar de 12,1% para 12,46%. Entre as regiões produtoras, a primeira que aparece no rol do IEA que tem na carne bovina sua locomotiva é Presidente Prudente, na 15ª colocação no ranking.

Madeira de eucalipto aparece em terceiro lugar no ranking dos produtos, apesar de uma estimativa de queda de 18,38% neste ano, para R$ 2,702 bilhões (US$ 1,57 bilhão). A carne de frango deverá render 5,05% mais e chegar a R$ 2,205 bilhões (US$ 1,28 bilhão). A lista dos cinco primeiros chega ao fim com a laranja, sem dúvida, segundo o secretário Sampaio, o grande ponto negativo das estatísticas compiladas pelo IEA. Com produção 19,81% maior que em 2008, mas preços médios 33,3% inferiores, a laranja destinada às indústrias de suco deverá fechar o ano com valor de R$ 2,002 bilhões (US$ 1,16 bilhão), 20,09% menor. No caso da laranja para mesa, cujos preços e produção vão recuar, o valor projetado é de R$ 756,3 milhões (US$ 439,7 milhões), uma retração de 47,47%. Com a demanda internacional por suco de laranja ainda retraída, o segmento atravessa uma das piores crises de sua história em São Paulo, que reúne o maior parque citrícola do planeta.