Campo fértil para empresas de inovação
Dados do Censo das empresas, do IBGE, mostram que o setor de base tecnológica foi um dos que mais avançou na cidade
A CidadeA tradição como polo de consumo e com predominância de empresas ligadas ao comércio se mantém em Ribeirão Preto. Mas, o Cadastro Central de Empresas (Cempre), uma espécie de censo das empresas divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que os caminhos do mercado local estão mudando.
E o grande destaque é das empresas de base tecnológica. O setor denominado no estudo como Atividades Profissionais, Científicas, Técnicas e de Inovação Tecnológica tinha 2 mil empresas em 2013, um avanço de 12,9% em comparação com 2010. Todo o mercado da cidade cresceu 5,6% no período. Em 2010, a cidade tinha ao todo 34,1 mil empresas em atividade, ante 36 mil em 2013.
O comércio, que domina o mercado com 15,6 mil estabelecimentos (43,5% do total), registrou retração de 3,1% no período. Já em relação ao crescimento de profissionais empregados, o setor tecnológico cresceu 29% entre 2010 e 2013. Já o comércio, evoluiu 8,7% e o mercado em geral teve aumento de 12,6%.
“Temos, sim, uma tendência de avanço no setor de tecnologia e pesquisa: temos universidades de ponta, como a USP, que geram conhecimento e também cursos técnicos que contribuem para uma maior capacitação. Também existe a incubadora que incentiva os negócios. Há espaço para o crescimento”, diz o economista Fred Guimarães, da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão.
Expansão
Símbolo do desenvolvimento científico da cidade, o Parque Tecnológico abriga hoje 39 empresas, sendo 31 delas na Supera Incubadora. Ao todo, entre profissionais que atuam nas empresas e na estrutura do Parque, são 200 empregos gerados. “E temos planos para a expansão. Em julho já serão mais 11 novas empresas”, diz Dalton Marques, gerente da Fipase (Fundação Instituto Polo Avançado da Saúde), gestora do parque.
Ainda segundo ele, Ribeirão possuiu um habitat de inovação. “Com universidades que proporcionam qualificação e esse desenvolvimento”, destaca.
Salários
Quando decidiu pelo curso superior, além da vocação, Henrique Cardoso, 21 anos, também avaliou o mercado.
“Me informei sobre áreas com maior demanda no mercado, com maior possibilidade de aprendizado e evolução profissional, além de salários também”, diz.
A área escolhida foi a da Tecnologia da Informação, uma das que mais cresce na cidade com todo o setor tecnológico e de pesquisa científica.
“Esse setor é o futuro da economia, que precisa dessa base tecnológica para evoluir. E, com profissionais mais qualificados e com mais anos de estudo, existe a tendência de melhores médias salariais”, diz Dalton Marques, gerente da Fipase.
E o Censo das empresas, feito pelo IBGE, confirma essa tendência. Enquanto a média salarial em todo o mercado da cidade fica em 3 salários mínimos, nas empresas de Pesquisa e Desenvolvimento Científico essa média chega a 17,9 salários mínimos. No comércio, por exemplo a média é de 2,4 salários.
“Há uma depreciação nesses salários no comércio por conta da atividade exercida. Em empresas que exigem maior nível de estudo, há também a tendência de maior remuneração”, diz o economista Fred Guimarães, da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp).
Domínio
Funcionária do comércio de Ribeirão desde 2010, Fernanda Gomes, 35 anos, sempre recebeu propostas de novos empregos no setor.
“Para quem trabalha bem, não faltam vagas no comércio aqui, da cidade. A rotatividade é grande, pois são muitas empresas, mas o mercado é bom”, diz.
Segundo o Cadastro Central de Empresas (Cempre), do IBGE, o comércio é o setor que mais emprega em Ribeirão Preto, com 30% de todos os postos de trabalho formais na cidade, e o que tem o maior número de empresas.
Somente o comércio varejista – que exclui o atacado e lojas de veículos – possuía 10,8 mil empresas e 54,9 mil profissionais contratados no ano de 2013.
“Mais de 80% do PIB de Ribeirão Preto vem do comércio e serviços, é a vocação da cidade”, diz Antonio Carlos Maçonetto, presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto.
O setor de serviços é avaliado pelo IBGE em diferentes esferas, mas a principal delas é a de Atividades Administrativas e Serviços Complementares, responsável por 13% das contratações em 2013.
Mais indústrias
O setor da Indústria de Transformação também possuiu participação significativa no mercado de Ribeirão Preto, segundo os dados do IBGE.
Em 2013, eram 1.813 empresas ativas que pertenciam ao setor, e 25,8 mil profissionais contratados. O segmento de alimentação era o que predominava, com 158 negócios ativos e 4 mil trabalhadores.
Mas, segundo o gerente regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em Ribeirão (Ciesp), Marcelo Maçonetto, o quadro vem se revertendo. “A indústria como um todo no País sofre com o peso dos custos de produção.”