17/03/14 16h53

Campinas vira aeroporto mais conectado do país

Em Viracopos há voos para 57 destinos; Guarulhos tem 48, e Congonhas, 27

Folha de S.Paulo

Campinas se transformou, no final do ano passado, na cidade com mais ligações aéreas do país. A partir do aeroporto de Viracopos é possível voar diretamente para 57 destinos. De Guarulhos, voa-se para 48 cidades e de Congonhas, para 27.

A mudança é consequência direta da entrada da Azul no mercado e do movimento de concentração do setor.

"A compra da Pantanal pela TAM reduziu as ligações regionais a partir de Congonhas e, a partir do ano passado, a concretização da fusão da Azul com a Trip fez com que as ligações de São Paulo com o interior do Estado e do país migrassem de Guarulhos para Campinas", diz Humberto Bettini, pesquisador de transporte aéreo do Núcleo de Estudos do Transporte Aéreo do ITA e autor do levantamento, feito a pedido da Folha.

Das 27 ligações diretas a partir de Congonhas, apenas 9 não são capitais. Guarulhos tem hoje 21 ligações diretas com destinos regionais (não capitais) e Campinas, 31.

A consolidação das operações de Azul e Trip, concluída no ano passado, levou a uma concentração da malha.

De acordo com levantamento feito pelo professor do Nectar Alessandro de Oliveira, a Azul priorizou seu crescimento em 2013 em Guarulhos e reduziu frequências em outros 58 destinos.

A oferta total de frequências de voos da empresa cresceu 1%, com a adição de 130 por semana. Em Guarulhos o crescimento foi de 69% (188 voos a mais). Campinas cresceu 9%, com mais 177.

Por outro lado, houve eliminação de voos da Azul que se sobrepunham aos da Trip, o que afetou passageiros.

"Perdemos o voo direto Maringá-Campo Grande", diz Mariana Beckheuser, que mora em Paranavaí (PN) e trabalha com agronegócio. "As opções de voos diretos de Londrina também caíram bastante e os preços subiram."

No ano passado, a TAM também reduziu voos que serviam Londrina e a Gol, os de Maringá.

GUARULHOS

A nova malha que a Azul está construindo a partir de Guarulhos é bem diferente da operação de Campinas.

Em Guarulhos, a empresa tem como alvo o viajante a negócios de São Paulo, que quer voos diretos para cidades de médio e grande porte e que não está disposto a pegar ônibus para ir a Campinas.

"De modo algum abandonamos o interior e o regional", diz Marcelo Bento Ribeiro, diretor de planejamento da Azul. Segundo ele, a redução das frequências regionais da empresa foi de 17%.

"As alterações feitas na malha foram no sentido de reduzir o pinga-pinga. O que faz diferença para o passageiro do interior é a conectividade, que permite mais opções de destinos", diz.

Em Guarulhos, a empresa não teria condições de construir uma malha de conexões, segundo ele. Por isso, nesse aeroporto, a estratégia foi "servir mercados que podem se sustentar sem conexão."

Com a migração de voos regionais para Viracopos, o viajante que tem como destino final São Paulo precisa agora pegar ônibus, disponibilizados pela Azul, para vir para a capital.