06/02/23 11h43

Campinas termina 2022 com saldo de empregos positivado

Cidade criou 14,6 mil vagas no ano passado, com serviços liderando a geração de postos

Correio Popular

Campinas fechou 2022 com o saldo de 14.642 empregos criados, com resultado positivo em todos os setores. Nos 12 meses do ano, 218.794 trabalhadores foram contratados, enquanto 204.152, demitidos, de acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Para a economista e professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC), Eliane Navarro Rosandiski, que realiza estudos nessa área, “o saldo positivo sempre é bom”, mas aponta que são necessárias medidas do governo federal para criar um ambiente que propicie a manutenção do resultado em 2023 e a geração de vagas de melhor qualidade, que resultem em salários melhores e aumento do poder de compra.

O setor de serviços foi o principal gerador de empregos no ano passado, sendo responsável por pouco mais da metade do saldo. Esse segmento terminou 2022 com a criação de 7.786 novas vagas, o equivalente a 53,18% do total. Uma das empresas que contratou foi um centro automotivo no bairro da Ponte Preta, que aumentou o contingente de funcionários em 40%. “O mercado está em alta desde a pandemia. O preço alto dos carros novos faz com que os donos busquem arrumar e manter o que tem em vez de trocá-lo”, explica o gerente Vitor Ferrari Tosta.

Em 2020, quando a covid-19 chegou ao país, a empresa tinha oito funcionários, número que aumentou para 10 em 2021 e chegou a 14 no ano seguinte. As vagas foram em diversas áreas, incluindo mecânico, copeira, estoquista e motorista. De acordo com Tosta, a tendência de contratação foi geral entre os centros automotivos, inclusive nas 14 lojas da rede no interior paulista. “O aquecimento do mercado propicia até a falta de mão de obra qualificada”, completa o gerente.

Um dos novos funcionários é o mecânico Renan Goulart Lima, que se mudou de Limeira para Campinas em 2022 e conseguiu emprego em uma semana. “A gente até brinca que não ganha bem, mas não fica desempregado”, diz. Essa é a terceira vez que ele trabalha na rede de centro automotivo, com passagem até na unidade de Santos, no litoral paulista.

Interrupção na tendência

Apesar do resultado positivo ao longo de 2022, dezembro foi marcado por uma “interrupção brusca na geração de novos empregos”, observa Eliane Rosandiski, que também é pesquisadora do Observatório PUC-Campinas. O maior número de demissões encerrou um período de 11 meses seguidos com saldo positivo na criação de novas vagas. No último mês do ano passado, o município registrou o fechamento de 4.386 postos de trabalho. Em Campinas foram 17.645 demissões contra 12.259 admissões, revela o Novo Caged. O maior número de dispensas ocorreu na construção civil, 266. O único setor que teve saldo positivo foi o de comércio, 108.

Para a economista, isso pode ser explicado pela sazonalidade, com dezembro sendo o melhor mês do ano para o setor comercial em decorrência do Natal. Já o saldo negativo é resultado, principalmente, do fim dos contratos temporários de empregos. Ao não renová-los, acrescenta Eliane, os empresários sinalizaram que estão em compasso de espera em relação ao cenário econômico que será desenhado em 2023 pelo novo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para a professora da PUC-Campinas, um conjunto de medidas macroeconômicas definirá o rumo a ser adotado pelas empresas. Elas passam pela política de juros, controle da inflação, recuperação do poder aquisitivo do salário mínimo, endividamento das famílias, programas de transferência de renda e uma nova política industrial. “O mercado de trabalho reflete essa insegurança, com o setor empresarial querendo ter certeza sobre as medidas que serão adotadas para aumentar a produção, o que vai gerar novos empregos”, diz Eliane. Ela acrescenta que os atuais indicadores industriais apontam para um desempenho abaixo do período pré-pandemia.

Para a pesquisadora , a diversidade de atividades econômicas em Campinas a coloca em vantagem em relação a outras cidades, no que diz respeito à capacidade de reação a ações que venham a ser tomadas pelo governo federal. “O município responde rápido a medidas que incentivem a produção e aumento de empregos”, afirma a economista.

RMC

O número de empregos criados em 2022 em Campinas é 34,4% menor do que nos 12 meses do ano anterior, quando o saldo foi de 22.318 vagas. Porém, é preciso levar em consideração que 2021 foi marcado pela retomada da atividade econômica após os efeitos negativos provocados pela pandemia de covid-19, o que se refletiu em taxas de crescimento mais altas.

Na Região Metropolitana de Campinas (RMC), foram criados 46.774 postos de trabalho no ano passado, aponta o relatório do Novo Caged. No acumulado de janeiro a dezembro, o saldo representou 8,3% dos 563.358 empregos gerados no Estado de São Paulo e 2,3% dos 2,01 milhões de postos no país. Porém, dezembro também fechou com queda na oferta de vagas, com o saldo negativo de 13.047 trabalhadores demitidos.

O aumento de demissões no último mês do ano seguiu uma tendência nacional. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, o mercado de trabalho formal brasileiro registrou um saldo negativo de 431.011 postos fechados em dezembro.

A redução alcançou os cinco grandes grupamentos de atividades econômicas e as 27 unidades federativas que tiveram perdas de postos de trabalho no mês. Todos os 20 municípios da RMC obtiveram saldo positivo de empregos no ano passado. Campinas lidera o ranking, com Indaiatuba aparecendo em segundo lugar, com a geração de 5.412 postos. A terceira colocação é de Sumaré (3.790), com Paulínia em quarto (3.346) e Santa Bárbara d’Oeste fecha a lista das cinco cidades que mais criaram empregos (3.142).

Na Região Metropolitana, o setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas foi o que mais gerou vagas em 2022, sendo responsável por um em cada quatro empregos criados. Ao todo, foram 10.959 postos. No comércio, o segmento supermercadista teve participação expressiva nesse resultado.

Apenas a inauguração de dois estabelecimentos representou a criação de 493 empregos em duas cidades. Uma rede abriu sua primeira unidade em Sumaré na região de Nova Veneza. “Foram 250 empregos na cidade e o empreendimento ainda colabora para aumentar a arrecadação do nosso município”, disse o prefeito Luiz Dalben (Cidadania). Com uma área de venda de 2,3 mil metros quadrados e mais de 6 mil m2 de área construída, a nova filial é a 17ª unidade da rede.

Outras 243 vagas foram criadas em Valinhos, com a abertura de outro supermercado. A empresa investiu R$ 50 milhões nessa unidade, que é a 33ª da rede, que opera em 20 cidades. Surgida em 1989, em Americana, ela está entre as dez maiores empresa do setor no Estado, de acordo com ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

 

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