Campinas abre escritório na China
A Administração planeja implantar escritórios de representação em todas as cidades-irmãs de Campinas, para fomentar as relações comerciais
Correio PopularCampinas terá seu primeiro escritório de representação internacional a partir de quinta-feira. Ele funcionará na cidade chinesa de Dongguan, em salas cedidas pela Câmara de Comércio Brasil China, que instalou sua sede naquela cidade para promover a aproximação entre governo, associações e empresários brasileiros e chineses, para a consolidação das relações comerciais e culturais entre os dois países. O prefeito Jonas Donizette (PSB) embarcou sábado (3) para a China, onde cumprirá agenda de uma semana, a convite da BYD, empresa chinesa que está instalando em Campinas fábricas de ônibus elétricos e de painéis fotovoltaicos.
O escritório, que terá uma estrutura com sala de reuniões, internet, telefone, secretária bilíngue e materiais de divulgação de Campinas e região, será uma base de apoio para o contato com empresas chinesas e também de empresas brasileiras que queiram se instalar no país asiático. A Administração planeja implantar escritórios de representação em todas as cidades-irmãs de Campinas, para fomentar as relações comerciais com essas parceiras. São cidades-irmãs Auroville (India), Cabinda (Angola), Concepción (Chile), Córdoba (Argentina), Cotorro (Cuba), Daloa (Costa do Marfim), Durban (África do Sul), Fuzhou (China), Gifu (Japão), Jericó (Palestina), Malito (Itália), Novi Sad (Sérvia), San Diego (EUA).
Na agenda do prefeito, além da inauguração do escritório, está a visita a BYD, empresa considerada uma das 10 mais inovadoras do mundo e que emprega, na China, 180 mil pessoas, e contatos, por meio da Câmara de Comércio, para atrair investimentos chineses para a cidade. A região de Campinas já está no radar dos chineses. A BYD escolheu Campinas para implantar a montadora de ônibus elétrico, um investimento de R$ 200 milhões. A Lenovo também anunciou a implantação de um centro de pesquisa, de US$ 100 milhões, mas que ainda não ocorreu. Em Indaiatuba, foi inaugurado recentemente uma fábrica de equipamentos para concreto da chinesa Zoomlion Cifa, ao custo de US$ 9,1 milhões. Na vizinha Capivari, distante aproximadamente 50 quilômetros de Campinas, a fábrica de fibra de vidro da chinesa CPIC investiu US$ 30 milhões na ampliação da capacidade. O investimento visa atender aos segmentos automotivo, aéreo, naval e de energias renováveis.
A cidade escolhida para a implantação do primeiro escritório de representação internacional é uma das regiões mais ricas da China. É um centro industrial de 10 milhões de habitantes, onde se fabrica equipamentos de telecomunicações, tecidos e móveis. A cidade é conhecida também por ter a maior comunidade de brasileiros do país - são mais de 3 mil vivendo em Dongguan. A maioria dos brasileiros de Dongguan veio do polo calçadista do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul (de cidades como Novo Hamburgo, Campo Bom, Sapiranga, São Leopoldo, entre outras).
No ano passado, Brasil e China assinaram uma parceria comercial com 35 acordos que somam mais de US$ 50 bilhões em investimentos chinês no país, em áreas de tecnologia, infraestrutura, energia e agricultura - entre os acordos está a construção da ferrovia transoceânica que vai ligar o Brasil ao Oceano Pacífico pelo Peru, que deve baratear as exportações de produtos brasileiros.
Do lado dos chineses, esses acordos devem garantir a manutenção das exportações brasileiras de commodities, como a soja, o minério de ferro e também a carne bovina, em um momento em que a China está incentivando a população do campo a morar nos grandes centros urbanos.