Caminhão de lixo elétrico da BYD vai usar energia gerada em aterros
Valor EconômicoNinguém gosta de ficar perto de um caminhão de lixo. Mas em Indaiatuba, esse tipo de veículo transformou-se quase numa atração. Nessa cidade do interior de São Paulo parte do lixo é coletado e compactado por um caminhão elétrico. O veículo é produzido por uma montadora chinesa, a BYD, sigla de Build your dreams (construa seus sonhos) e veio da China. Mas a direção da empresa prepara-se para começar a produzi-lo em Campinas (SP), onde já fábrica ônibus e painéis solares.
Ver o lixo ir embora sem ruído ou poluição é algo que encantou não apenas a população e o pessoal que faz a coleta como o prefeito eleito da cidade, Nilson Gaspar (PMDB), que fez questão de pegar uma carona no veículo. "Não faz barulho nenhum", diz Gaspar, ex-secretário urbano e de meio ambiente e que em janeiro deixará o cargo de superintendente do serviço de água e esgotos da cidade para assumir a prefeitura. Gaspar vê vantagem principalmente na coleta noturna.
Além da bateria produzida pela própria BYD, o caminhão que começou a rodar em Indaiatuba, há cerca de três semanas, ganhou um compactador hidráulico para armazenar os resíduos recolhidos.
Com duas horas de recarga numa tomada, o veículo alcança autonomia para oito horas de operação. Além disso, a própria frenagem, uma ação rotineira em qualquer caminhão de lixo, ajuda a recarregar a bateria.
E mais energia poderá vir do próprio lixo a partir da primeira metade de 2017. "A energia gerada em aterro sanitário poderá ser usada para abastecer veículos elétricos, fechando um ciclo totalmente sustentável", afirma o diretor de vendas e infraestrutura da BYD no Brasil, Carlos Roma.
O caminhão de Indaiatuba foi comprado pela Corpus, uma empresa de saneamento. O valor não foi revelado. Mas o diretor operacional da Corpus, João Paschoalini, diz que a economia com a operação e manutenção tende a compensar o valor mais elevado que o de um veículo convencional. "Temos pesquisado alternativas mais sustentáveis", afirma o executivo, que pretende ampliar a frota. Os motoristas da Corpus receberam treinamento especial.
Roma diz que a BYD está na fase de negociação com mais empresas. A perspectiva é que somente com dez ou vinte encomendas, que podem ser fechadas em breve, segundo ele, a montadora consiga escala suficiente para instalar uma linha de produção do caminhão na fábrica que já possui em Campinas. O executivo estima que, em cinco anos, seria possível alcançar produção anual mínima de 800 unidades do novo caminhão.
E se no caso do automóvel elétrico a necessidade de ampliar a infraestrutura no país é motivo para postergar planos, no caso dos veículos pesados essa questão não preocupa, diz Roma, já que em muitas atividades o trabalho é repetitivo e restrito a uma área. "No Brasil, setores como o de cana de açúcar e mineração são propícios para receber veículos elétricos", afirma Roma.
Fundada em 1995, na cidade chinesa de Shenzhen, a BYD é uma das maiores produtoras de veículos elétricos e de baterias recarregáveis do mundo. No Brasil há dois anos, a empresa anunciou plano de investir no país, até 2018, cerca de R$ 150 milhões na produção de painéis solares e mais R$ 250 milhões na área automotiva, que hoje faz chassis de ônibus e baterias.