Camil compra Brasfrigo e entra no setor de atomatados
Valor Econômico 21/07/10
A Camil, maior processadora de arroz e feijão da América Latina, com faturamento de R$ 1,4 bilhão (US$ 778 milhões) no ano passado, comprou a Brasfrigo Alimentos, fabricante de atomatados e vegetais em conserva, dona das marcas Jurema, Tomatino e Jussara. O valor do negócio, fechado no mês passado, não foi divulgado, mas a informação foi confirmada pela Camil. A estratégia da empresa é diversificar seu leque de produtos, hoje concentrado basicamente em arroz, feijão, alguns grãos e óleo de girassol.A Brasfrigo, que pertencia ao grupo mineiro BMG, controlador do banco BMG, tem 77 produtos diferentes, entre molhos de tomate, extratos, maionese, catchup, mostarda, vegetais em conserva (como milho e ervilha), molhos para salada, temperos, sopas e caldos. Sua sede administrativa fica em São Paulo e a fábrica em Luziânia, interior de Goiás. A Brasfrigo fatura R$ 350 milhões (US$ 194,4 milhões) ao ano. É a maior processadora nacional de milho para conserva, com 150 mil toneladas por ano. Investiu cerca de R$ 60 milhões (US$ 32,1 milhões) entre 2008 e 2010 em sua unidade industrial e seu crescimento projetado para este ano é da ordem de 20%.
A Camil vinha sofrendo com a mudança de hábitos de alimentação do brasileiro, uma vez que o carro-chefe da companhia - o arroz - vem sendo menos consumido. Segundo a Nielsen, as vendas em volume do produto vêm caindo na casa dos 5% nos últimos anos. O mesmo acontece com o feijão. O consumo interno, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), caiu de 3,63 milhões de toneladas na safra 2007/2008 para 3,5 milhões de toneladas nos anos seguintes (2008/2009 e 2009/2010). Essa mudança na alimentação do consumidor foi uma das razões da queda de 12,8% no faturamento da Camil entre 2009 e 2008. Também houve arrocho nos preços do arroz e do feijão no ano passado.
O consumo de molho de tomate - o principal produto da Brasfrigo - vem crescendo. As vendas em quilos, conforme a Nielsen, subiram de 156,1 milhões em 2008 para 177,6 milhões no ano passado, uma alta de 13%. Mas a rentabilidade dos atomatados, para a indústria, tem sido espremida pelo número de concorrentes, que aumentou consideravelmente nos últimos anos. A Unilever, dona das marcas Elefante e Pomarola, anunciou que está negociando a venda da linha de produção de todos os produtos de tomate, situada em Goiânia (GO). A Siol, da marca Saúde está à venda.
A Camil é vista como uma empresa com poder de fogo para investir no setor. Fundada por Jairo Quartiero, a companhia prevê para este ano investimentos entre R$ 40 milhões (US$ 22 milhões) e R$ 50 milhões (US$ 27,8 milhões) para ampliação da capacidade instalada do grupo.