04/06/07 10h53

Câmbio eleva investimentos das confecções em máquinas

Valor Econômico - 04/06/2007

As indústrias de confecção começam a aproveitar o dólar mais baixo para realizar investimentos em modernização do parque fabril. As empresas estão importando com mais intensidade equipamentos da Europa e da Ásia, com preços mais atrativos por conta da valorização do real. Máquinas que fazem bordados, aplicações de pedrarias e que permitem maior uso da nanotecnologia estão no foco dos novos investimentos. A Cativa, voltada ao público C, e a Marisol, focada nas classes de renda A e B, têm como prioridade de investimentos neste ano o aumento da produtividade com melhora da tecnologia. A Cativa programa R$ 10 milhões (US$ 5,2 milhões), rompendo um período de praticamente seis anos com investimentos "tímidos", e a Marisol, R$ 20,1 milhões (US$ 10,42 milhões), mesmo volume de 2006. Giuliano Donini, diretor de marketing da Marisol, diz que os recursos serão principalmente em novas tecnologias na estamparia, onde é possível uma maior aplicação da nanotecnologia. Os investimentos são para aumento de produtividade e não de produção, uma vez que vê o consumo no mercado interno ainda retraído. Donini, contudo, espera um crescimento significativo da Marisol, de pelo menos 10% no ano. Esse incremento, segundo ele, vem mais do esforço da empresa, com lançamento de novas marcas, do que da conjuntura econômica. Na Cativa, de Pomerode, dona dos licenciamentos da Fido Dido e da OP no Brasil, também não haverá aumento do volume de produção, mas já estão sendo importadas máquinas que dão maior valor ao produto, permitindo aplicações de pedrarias e bordados, e ainda há recursos sendo destinados para teares novos e equipamento de termo-fixação na tinturaria. Segundo Gilmar Sprung, presidente da empresa, é o momento de criar mais valor e melhorar a produtividade por conta da maior concorrência. Os investimentos, em parte dos casos, estão sendo motivados pela demanda do mercado interno verificada no primeiro quadrimestre do ano. Em geral, as empresas tiveram vendas fortes, e recursos garantidos para as importações de maquinário. A fabricante de cuecas Mash e a de roupas infantis Brandili são exemplos das que estão investindo não só em equipamentos, mas também no aumento do parque fabril. A Mash pretende quase dobrar sua produção, de 40 mil dúzias de cuecas por mês para 75 mil. A empresa tem pressa em ampliar a fabricação em São Miguel Paulista (SP) até junho deste ano para atender a demanda maior no mercado interno. No quadrimestre, as vendas cresceram 47%, um resultado que surpreendeu a direção da empresa, que teve crescimento de 27% em todo o ano passado. Segundo Hélio Oliveira Júnior, diretor comercial, serão investidos US$ 1 milhão, volume que não era gasto no parque fabril desde 2002. Na Brandili, os recursos somam R$ 10 milhões (US$ 5,2 milhões). A empresa aumentará em 33% o parque fabril de 22 mil m2 em Apiúna (SC), até junho de 2008. Segundo o presidente da empresa, Jorge Brandes, neste momento há demanda no mercado interno que a companhia não está conseguindo atender. "Estamos devendo cerca de 20% de produção", explica ele que vendeu 30% a mais no quadrimestre.