18/07/18 11h46

Câmbio deve ajudar calçadistas neste semestre

Valor Econômico

A desvalorização do real em relação ao dólar ajudará a estimular as exportações de calçados neste semestre, avalia a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Como consequência, a produção do setor pode experimentar uma melhora nos próximos meses.

De acordo com dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção no setor calçadista apresentou recuo de 4,6% no acumulado de janeiro a maio. Apenas em maio, a retração chegou a 15,8%, em função da paralisação de fábricas causada pela greve dos caminhoneiros.

Heitor Klein, presidente-executivo da Abicalçados, disse ontem que as indústrias operam atualmente com cerca de 35% da capacidade ociosa. "Há uma perspectiva de que a indústria retome até metade dessa capacidade ociosa até 2019, havendo melhora na exportação", afirmou o executivo durante a Francal, feira do setor que termina hoje em São Paulo.

No consumo doméstico, segundo ele, não há razão para esperar um crescimento rápido. "A economia brasileira vive uma situação complicada, que se traduz na dificuldade de consumo de 60 milhões a 70 milhões de pessoas que estão desempregadas, ou sem renda, ou que têm uma renda mínima de subsistência", afirmou Klein.

Para a Abicalçados, o aumento nas exportações seria a saída mais fácil neste momento para ampliar a produção, gerando empregos e renda.

No primeiro semestre, as exportações do setor caíram 6,7% em volume, chegando a 55,3 milhões de pares. Em valor, houve queda de 7,9%, para US$ 486,9 milhões. As importações, por sua vez, aumentaram 16,8% em volume e 5,2% em valor, para US$ 183 milhões.

No varejo brasileiro, as vendas de calçados encolheram 8,4% em valor no acumulado de 12 meses até maio, em comparação aos 12 meses anteriores, segundo levantamento da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), em parceria com a Kantar Worldpanel. Em volume, a redução foi de 1%.

Marcone Tavares, presidente da Ablac, estima para o segundo semestre um crescimento de 2% a 3% nas vendas do varejo em valor. Se esse desempenho se concretizar, o faturamento das varejistas de calçados deve encerrar 2018 com um aumento de 4% a 5%.

De acordo com a pesquisa da Ablac, o preço médio dos pares de calçados vendidos no país caiu 7,5% nos 12 meses até maio, para R$ 67,72 o par. Também houve redução no número de compradores de 7,8% no período, compensada parcialmente pelo aumento da frequência dos clientes nas lojas.

Na avaliação de Tavares, uma recuperação mais efetiva do setor dependerá de uma melhora no cenário econômico, que ainda é afetado pelas incertezas políticas relacionadas à sucessão presidencial.