26/04/11 14h46

Camargo Corrêa cria a holding InterCement

Valor Econômico

O negócio de cimento do grupo Camargo Corrêa, iniciado em 1967 com uma pequena fábrica em Apiaí, interior de São Paulo, ganha a partir de hoje uma nova identidade corporativa. Em linha com o plano de expansão internacional, foi criada a holding InterCement Participações, que vai ser sua nova marca e definir toda a estratégia de investimentos do conglomerado nessa área. Na nova configuração, todos os ativos do grupo na área de cimento ficarão debaixo da InterCement Participações. A participação de 33% na portuguesa Cimpor migrará em maio do guarda-chuva da Camargo Corrêa S.A., holding de todos os negócios do grupo, para a nova holding, assim como as operações no Paraguai, Bolívia e Angola. A última a ser transferida será a argentina Loma Negra, adquirida em 2005. A nova denominação está em estudo.

Segundo José Edison Barros Franco, presidente da InterCement Participações, o plano do grupo Camargo Corrêa é ter uma empresa de cimento com forte presença em algumas regiões do mundo, com destaque para América Latina e África, onde estão as novas fronteiras de expansão da economia, e de cimento, e oportunidades para investimentos no aumento da oferta. Nessas duas regiões, observou o executivo, o crescimento da demanda é superior à média mundial da indústria cimenteira. Já pensando nisso, a marca InterCement foi registrada em 43 países. Além das regiões mencionadas, também em alguns países da Europa.

O grupo, que em 2010 investiu R$ 3,5 bilhões (US$ 2 bilhões) na aquisição de 33% do capital da Cimpor - nona maior do mundo -, tem como meta estar entre os 20 maiores produtores internacionais de cimento até o fim de 2012. Isso significa via a produzir e vender pelo menos 20 milhões de toneladas por ano. O executivo admite que isso não será obtido apenas com crescimento orgânico - instalação de novas fábricas e expansão das atuais. "Certamente, isso passará por uma grande aquisição de ativos", afirma Franco, lembrando que a posição atual é 35ª.

A criação da nova holding, admite, pode ser um passo para lançar suas ações em bolsa. "Como temos um plano de investimento bem expressivo pela frente essa é uma opção para buscar capital". A empresa fica preparada para isso, mas nada está definido no momento sobre essa questão, ressalva ele. A companhia, que já é S.A., tem comitês de governança e publica seus balanços financeiros, tem 99,9% do seu capital em poder da holding do grupo.

De 2011 a 2015, sem considerar aquisições, a InterCement planeja investir R$ 6,2 bilhões (US$ 3,9 bilhões) em novas fábricas e na ampliação da capacidade de instalações atuais. Brasil e Argentina vão abrigar a maior parte do pacote. No país vizinho está prevista nova fábrica no Noroeste ou Norte do país, novas expansões e mais logística. No Brasil, com forte atuação no Sudeste, quer entrar no Norte com a instalação de duas fábricas: uma no Amazonas e outra no Pará. Um dos investimentos deve ser anunciado ainda neste trimestre. Para o Nordeste não há plano à vista devido à participação na Cimpor. A subsidiária Cimpor Brasil, com forte presença na região, além do Centro-Oeste e Sul. Um dos projetos importantes em andamento, com investimento mínimo de US$ 300 milhões, é o da fábrica de Angola.

Em 2010, a companhia vendeu 11,6 milhões de toneladas de cimento - 6 milhões no Brasil, 5,5 milhões na Argentina e 100 mil no Paraguai. Isso rendeu receita líquida de R$ 2,47 bilhões (US$ 1,5 bilhão) e lucro de R$ 226 milhões (US$ 128,4 milhões). O resultado operacional foi impactado pela valorização do real frente ao peso argentino e por aumento dos custos. Neste ano, a InterCement - líder na Argentina com 54% e terceira no Brasil, com 10,2% - projeta vendas de 12,8 milhões de toneladas. Cimento está entre os principais negócios eleitos pelo grupo para crescer, ao lado de construção e engenharia, concessões de energia e concessões de rodovias.