Café e cana põem agropecuária em rota de expansão
O Estado de S. Paulo - 01/12/2006
O crescimento da agropecuária acima dos demais setores no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre está diretamente relacionado ao bom desempenho da safra de café, colhida nesta época do ano. É o que explica a gerente de contas trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis. Os dados do PIB do terceiro trimestre mostram crescimento de 1,1% na agropecuária ante o segundo trimestre e de 7,8% ante igual trimestre do ano passado. Segundo Rebeca, o desempenho da safra de café sempre influencia muito o PIB agropecuário no terceiro trimestre e a produção dessa cultura cresceu 22% na safra 2006 ante a safra anterior. Além disso, segundo ela, a cana-de-açúcar, que tem 50% da safra colhida no terceiro trimestre, também está elevando a produção, em 8%, na safra 2006. Porém, de acordo com as projeções da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgadas ontem, o PIB do agronegócio deve fechar o ano em US$ 247 bilhões. As previsões foram feitas em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) com base nos dados acumulados de janeiro a setembro. Segundo o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta, entre 2000 e 2004 o agronegócio foi a locomotiva do crescimento da economia do País, mas perdeu força em 2005 e 2006. O estudo apresentado pela CNA indica que o PIB do setor agropecuário cairá US$ 2,2 bilhões em 2006. Esse resultado representará uma queda de 3,08% na renda dos produtores rurais brasileiros em 2006, se mantidas as mesmas taxas de crescimento nos meses seguintes até o fim do ano. 'Mais uma vez, a queda de renda do agronegócio se concentra na produção primária, isto é, dentro da porteira da fazenda', afirmou Cotta. De forma isolada, o PIB da pecuária deve cair 4,38% no ano e da agricultura, 2,05%. Dois fatores, disse ele, reduziram o PIB nas fazendas: a redução dos preços dos principais produtos agrícolas e a elevação dos custos de produção. Apesar das previsões negativas para o ano, Cotta acredita que 2007 será melhor para os produtores rurais em termos de renda, por causa do aumento dos preços internacionais para os produtos agrícolas e da redução de cerca de 12% nos custos de produção. Ele lembrou ainda que a safra atual, 2006/2007, foi plantada com dólar a R$ 2,15 e algumas projeções indicam que será vendida com dólar a R$ 2,35. 'De forma isolada, o ano que vem será melhor, mas o produtor continuará com problemas de caixa.'