18/08/10 16h58

Cadeia petroquímica do país vive rota de expansão

Valor Econômico – 18/08/10

Depois de um 2009 difícil, com baixa demanda global, como consequência da retração econômica, a cadeia petroquímica brasileira deu forte sinal de retomada nos primeiros meses deste ano. Puxadas pelo bom desempenho dos setores automobilístico, infraestrutura e construção civil, as indústrias da chamada terceira geração vivem um forte movimento de expansão. A economia brasileira deverá crescer em 2011 e 2012 cerca de 5,1% e 4,6%, respectivamente, segundo a consultoria Lafis. O aquecimento contribuirá para a aceleração dos investimentos em diversos segmentos da economia, e como o setor químico e petroquímico é uma das indústrias de base, sua expansão poderá ser uma consequência do melhor desempenho do PIB, o que deverá estimular o consumo de insumos químicos e seus derivados nos próximos dois anos.

Com o pico de preços este ano de US$ 752 a tonelada em abril (o valor histórico é de julho de 2008, quando chegou a US$ 997, e o menor em novembro do mesmo ano, com US$ 238), os preços da nafta (principal matéria-prima petroquímica) voltaram a se recuperar a partir deste mês, a uma média de US$ 640 e US$ 650 a tonelada, a expectativa é de que as cotações se estabilizem nesses atuais patamares, acreditam analistas ouvidos pelo Valor. Para este ano, as estimativas indicam que o câmbio deverá apresentar valorização média sobre o ano anterior de 10,5%, alcançando a média de R$ 1,79 por dólar, de acordo com a Lafis. Essa taxa de câmbio poderá fazer com que as exportações encontrem mais dificuldade de competitividade.

Entre janeiro e maio, o índice de produção de químicos de uso industrial apresentou crescimento de 13,1% e o de vendas, 10,9% ante o mesmo período em 2009, como reflexo da recuperação do mercado interno, e por uma base fraca de comparação em 2009. O consumo de insumos químicos e seus derivados responderão positivamente, em 2011 e 2012, à continuidade da expansão industrial que deverá ocorrer nos próximos anos. A expectativa é de evolução do PIB industrial de 6,7% e 6,5%, respectivamente, segundo a Lafis.

No Brasil, o setor petroquímico está se reestruturando em um número menor de grupos com maior escala e grau de verticalização. Foi o caso da Braskem, que neste ano anunciou a incorporação da Quattor e a aquisição da Sunoco, nos Estados Unidos, ampliando seu processo de internacionalização, o que permitiu à companhia maior competitividade e ganhos de escala na produção. A empresa deverá definir nos próximos meses sua participação nos projetos do Comperj e Suape, em parceria com a Petrobras.

O aumento do consumo de alguns combustíveis no país, como óleo diesel e querosene de aviação, fez com que a Petrobras revisse o projeto Comperj. A estatal aprovou a duplicação do complexo que terá duas e não mais apenas uma refinaria e produzirá, além de matérias-primas para a indústria de plásticos, combustíveis. Sua capacidade passará de 150 mil barris diários de petróleo pesado para 330 mil barris diários. Analistas acreditam que o mercado deverá ser favorável à oferta bilionária de ações da Petrobras, que poderá ser uma das maiores no mercado internacional, estimando o valor para a capitalização da estatal fique entre US$ 50 bilhões e US$ 60 bilhões.