26/10/10 10h13

Cadeia citrícola concorda em criar o Consecitrus

Valor Econômico

Foi assinado ontem na sede da Secretaria da Agricultura de São Paulo, na zona sul da capital, o protocolo de intenções que cria o Consecitrus, conselho formado por representantes de citricultores e de indústrias de suco de laranja que tem por objetivo harmonizar as relações na cadeia produtiva. Segundo seus arquitetos, o conselho será o ambiente para a discussão de parâmetros para as negociações de preços de fornecimento da fruta para a fabricação da bebida e de questões estratégicas como a queda da demanda global pela commodity e as ameaças fitossanitárias aos pomares.

"O Consecitrus é um marco histórico na citricultura e certamente mudará os rumos do segmento", afirmou João Sampaio, secretário da Agricultura do Estado e principal articulador das negociações. Citricultores e indústrias tentavam sentar na mesma mesa há anos, sem sucesso. "É um caminho novo", disse Christian Lohbauer, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Sucos Cítricos (CitrusBR). A entidade foi criada em junho de 2009 por Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus, as maiores exportadoras de suco de laranja do mundo.

As três primeiras são nacionais, enquanto a LD tem origem francesa. Todas administram seus negócios a partir de São Paulo, que responde por mais de 80% dos embarques de suco de laranja do Brasil - que, por sua vez, domina 85% das exportações mundiais da commodity. Em 2010, essas exportações deverão somar US$ 2 bilhões, segundo Marcos Fava Neves, professor da FEA/USP e coordenador do estudo "O retrato da Citricultura Brasileira", lançado na semana passada.

As três entidades que representam citricultores também aprovaram a criação do Consecitrus, ainda que todas (SRB, Associtrus e Faesp) tenham ponderado, como a CitrusBR, que é agora que começa a parte difícil do processo - já com a primeira reunião marcada para o dia 8. Decisões aparentemente simples como a divisão de forças entre as entidades de citricultores, e entre essas e a CitrusBR nas futuras negociações, permanecem indefinidas. Divergências sobre os parâmetros que nortearão as negociações de preços, que chegaram a ameaçar o próprio protocolo de intenções, também terão de continuar a ser debatidos.