09/04/10 11h27

Bunge eleva aporte na área de açúcar e álcool

Valor Econômico

A Bunge deverá investir cerca de US$ 750 milhões nos próximos três anos para expandir as três primeiras usinas de açúcar e álcool que comprou ou construiu no país desde que estreou no segmento, em 2008. As cinco unidades incorporadas a partir da aquisição do controle da paulista Moema Par também deverão ser ampliadas, mas a programação e o aporte de recursos para isso ainda não estão definidos. Com esses investimentos, a multinacional americana projeta incrementar em 50% a capacidade conjunta de moagem de cana de sua estrutura sucroalcooleira. Somando-se as três primeiras usinas com as unidades antes administradas pela Moema, a capacidade total chegará, até junho, a 20 milhões de toneladas de cana por safra. Até 2012, serão 30 milhões, mesmo se as cinco unidades recém-absorvidas não forem incrementadas.

Os US$ 750 milhões fazem parte de um plano de investimentos trienal (2010-2012) de US$ 2,8 bilhões deflagrado justamente com a aquisição do controle dos negócios da Moema, que custou US$ 1,5 bilhão. Ou seja: do plano total, a frente sucroalcooleira, na qual a múlti já assumiu a terceira posição no Brasil, atrás de Cosan e Louis Dreyfus, deverá representar 80%. "Isso não significa que vamos tirar o pé do acelerador nos demais segmentos em que atuamos. Mas a área de açúcar e bioenergia é nova para nós e a encaramos com grande entusiasmo", afirmou Pedro Parente, CEO e presidente da holding Bunge Brasil, fortalecida em suas atribuições executivas após uma reestruturação da gestão no país que está em sua etapa final.

Maior exportadora do agronegócio brasileiro, por causa da soja, e terceira maior do ranking geral, atrás de Petrobras e Vale - US$ 4,344 bilhões em embarques em 2009, segundo dados da Secex -, a Bunge faturou R$ 31,7 bilhões (US$ 17,3 bilhões) no país em 2008, quando suas vendas líquidas globais alcançaram US$ 52,574 bilhões. O grupo, que tem ações negociadas em bolsa nos Estados Unidos, ainda não publicou seu balanço do ano passado e preferiu não divulgar estimativas sobre os resultados brasileiros.

Foi em função das estruturas replicadas de gestão das divisões Alimentos e Fertilizantes e da entrada forte em um novo segmento de atuação - açúcar e bioenergia - que a reestruturação tornou-se necessária. "É um negócio difícil, que vai do campo ao consumidor final e tem margens apertadas. Temos que extrair o maior valor possível de cada elo das cadeias nas quais atuamos". E essas cadeias, no que depender de Parente, vão crescer. O plano de investimentos de US$ 2,8 bilhões foi definido antes da vendas dos ativos minerais de fertilizantes para a Vale, e quando os recursos oriundos do negócio entrarem no caixa - o pagamento será em dinheiro - a divisão brasileira disputará seu quinhão.

Independentemente disso, oportunidades de aquisições no segmento de açúcar e etanol continuam no radar e novos negócios podem ser definidos a qualquer momento, sobretudo porque a incorporação da Moema está praticamente terminada, com a manutenção de quase todo o corpo administrativo - Ricardo Brito, sócio e presidente do grupo quando da aquisição é o presidente do conselho de açúcar e bioenergia da múlti no país. "O Brasil é o país mais eficiente nessa área. Temos uma avenida de possibilidades", disse Parente. Nas usinas que já opera nos Estados de São Paulo, Tocantins e Mato Grosso do Sul, o objetivo é sempre ter o maior índice de mecanização da colheita possível. A unidade de Pedro Afonso, em Tocantins, deverá entrar em operação em junho com capacidade inicial para moer 2,5 milhões de toneladas de cana por safra. Tanto ela quanto as usinas Santa Juliana, em São Paulo, e Monte Verde, em Mato Grosso do Sul, serão ampliadas para 4,5 milhões de toneladas até 2012.