01/05/10 11h00

Brics vão liderar captação de investimentos

Folha de S. Paulo

Projeções indicam que Brasil, Rússia, Índia e China, os países do Bric, estarão entre os cinco maiores captadores de investimentos estrangeiros diretos (IEDs) em 2011, que deverá marcar a volta desses investimentos ao total de US$ 1,8 trilhão, nível anterior à crise financeira iniciada em 2007. Mas a distribuição irregular desses recursos, os desafios que eles representam para as políticas monetária e cambial e a necessidade de canalizá-los para aplicações que gerem ganhos tecnológicos são desafios a serem enfrentados pelos quatro países, afirma a economista indiana Radikha Kapoor. "É preciso pôr maior ênfase na captação de investimentos que sejam importantes para o desenvolvimento econômico", disse Kapoor.

Até 2008, apenas China e Rússia estavam entre os cinco maiores receptores de IEDs, junto com EUA (primeiro lugar), Reino Unido e França. Em 2011, segundo a especialista indiana, a China deverá ultrapassar os EUA na liderança e Brasil e Índia tomarão o lugar dos dois países europeus. Ainda de acordo com os dados de Kapoor, é no Brasil onde existe maior equilíbrio na distribuição dos IEDs -em 2009, 42,6% foram para a indústria, 42,9% para os serviços e 14,5% para agricultura e mineração.

Outro aspecto ressaltado no seminário foi o papel crescente dos Brics como investidores no exterior, por meio de fundos soberanos ou de novas multinacionais. A China já ocupa o 13º lugar. O chinês Liu Youfa, do Instituto de Estudos Internacionais do país, chamou a atenção para a resistência, nos países ricos, a aquisições feitas por estrangeiros. "Ainda somos amadores. Temos que nos coordenar tanto para a promoção de investimentos mútuos quanto para combater o protecionismo", disse Liu, que sugeriu a criação de um "consórcio financeiro" nos quatro Brics.