13/10/11 15h55

BRICS é ponte para África do Sul se aproximar do Brasil

Brasil Econômico

A África do Sul completa, em dezembro, um ano como membro do BRICS - conjunto composto também por Brasil, Rússia, Índia e China -, e já começou a fazer não só um balanço como um plano de ação para ganhar relevância entre os países e usar o bloco para alavancar sua economia.

Um dos desafios já detectados pelo governo sul-africano é a dificuldade de aproximação com o mercado brasileiro, diferentemente do estreitamento que já ocorre com Índia e China. Os resultados de comércio do primeiro ano ainda não estão completos e precisa ser levado em conta o novo agravamento da crise financeira global neste período, com a deterioração da dívida pública e exposição do sistema financeiro dos países europeus.

Mas os indicadores de 2007 a 2010 dão uma ideia ao governo sul-africano sobre o andamento dos tratados. "Mais que dobramos o volume de exportações para a China e para a Índia neste período e, mesmo com a Rússia, que a relação não é tão estreita, o crescimento foi superior a 100%. Com o Brasil o ritmo é bem mais lento", diz Miller Matolla, presidente da Brand South Africa, secretaria submetida diretamente à presidência que une estratégias de comércio, marca e turismo, interligando ministérios para consolidar a imagem do país. No período, o avanço de vendas para o mercado indiano foi de 141%, aumentando também as importações vindas daquele país, em 66%. As compras do Brasil aumentaram 51% do período, mas as vendas minguaram 15%, amostra de relação comercial pouco consolidada.

Duas frentes principais foram definidas para aproximar a África do Sul e o Brasil. Uma delas é a abertura de um escritório da Brand South Africa em São Paulo no ínicio de 2012, nos moldes do que foi feito nos Estados Unidos (Washington) e Inglaterra (Londres). Já no que tange a investimentos e não comércio internacional, a alternativa, segundo Nils Flaatten, presidente da Agência de Promoção de Investimentos da Província de Cape (Wesgro), é buscar joint ventures com empresas de Angola que já têm penetração no mercado brasileiro. "Vemos que, para o Brasil, a facilidade da língua ainda é muito relevante nas relações comerciais", diz Flaatteen. Ná África do Sul, por serem 11 línguas oficiais, a média dos cidadãos são três idiomas.

Atrair investimento estrangeiro direto (IED) é um passo largo a ser dado pela África do Sul. "No segundo trimestre, esse montante foi de 2,3 bilhões de rands,bem abaixo do desejado", destaca Cas Coovadia, diretor da Associação de Bancos da África do Sul. Segundo ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, o país aparece em 34º lugar entre 183mercadoscomoode maior facilidade para fazer negócios.

"Pouca gente sabe disso. Somos menos burocráticos que outros mercados, temos regras estáveis, que não mudam de uma hora para outra conforme vontade de governo", pondera Coovadia. Por outro lado, quando comparado aos demais BRICS, um dos maiores desafios do país tem sido elevar a taxa de emprego. Enquanto no Brasil o nível de desemprego ronda 6%, na África do Sul é de quase 25%.