Bresco avança com plano de investir R$ 1 bi
Valor EconômicoA empresa de propriedades comerciais para renda Bresco - fundada há dois anos e meio por Carlos Betancourt, pelos controladores da Natura, Guilherme Leal, Pedro Passos e Antônio Luiz Seabra, além de outros sócios -, pretende chegar ao início de 2016 com mais de R$ 1 bilhão em investimentos. O maior projeto da Bresco é um centro empresarial em fase de desenvolvimento em Campinas (SP), próximo do aeroporto de Viracopos, com previsão de aportes totais de R$ 850 milhões.
Parte do empreendimento já está em operação, e a Bresco obteve as licenças que faltavam para o restante. O centro empresarial terá prédios de escritórios, alguns construídos sob medida ("build to suit"), centros de treinamento, centros de distribuição e dois hotéis. Betancourt não informa que bandeira vai operar os hotéis, mas informa que se trata de "grande rede internacional" e que um deles terá perfil de três estrelas e o outro, de quatro estrelas, no total de 400 quartos.
No fim do ano passado, a Bresco entregou centro de treinamento para a companhia aérea Azul, no local. O imóvel foi construído sob medida e tem quatro simuladores de voo. O complexo da Bresco em Campinas inclui um centro de distribuição da John Deere, que será duplicado. A Bresco vai desenvolver no empreendimento tanto centros de distribuição no formato "build to suit", quanto galpões especulativos.
Numa visão de longo prazo, o local é "excepcional", de acordo com Betancourt, que preside a Bresco. "Nos principais centros de negócios do mundo, as regiões de aeroportos são extremamente demandadas", diz o executivo. O centro empresarial está sendo desenvolvido em terreno de pouco menos de um milhão de m2.
Quando a empresa foi constituída, em outubro de 2011, a previsão era investir R$ 1 bilhão em três anos. O prazo mais longo que o inicialmente estimado deveu-se ao ritmo de obtenção de licenças e à desaceleração do crescimento econômico do país, de acordo com Betancourt.
Além do centro empresarial de Campinas, a Bresco tem outros três investimentos, entre eles um prédio de escritórios no bairro paulistano da Liberdade, "fora das regiões de mais oferta de São Paulo", segundo o executivo. A empresa entregou, recentemente, um centro de distribuição em Itupeva (SP) e está começando a desenvolver outro empreendimento do mesmo segmento também nesse município do interior do Estado de São Paulo.
Com quase 30 anos de experiência no mercado imobiliário, Betancourt conta que já viveu vários ciclos do setor e diz não acreditar que haja bolha imobiliária no Brasil. "0 mercado vai passar por um ajuste nos próximos dois ou três anos, com preços mais realistas", diz o executivo. Segundo o presidente da Bresco, a empresa tem contratos de locação de dez anos e leva em conta que "o mercado vai passar por épocas de alta e de baixa".
Betancourt diz que os sócios da Bresco compartilham a visão de longo prazo e a preocupação com qualidade e não quantidade dos projetos. Os investimentos da Bresco são feitos com capital próprio dos sócios e com recursos obtidos por meio de dívida, por exemplo, certificados de recebíveis imobiliários (CRIs).
"A estrutura de capital da Bresco é, predominantemente, brasileira. Na Bracor, predominava o capital internacional", diz Betancourt. A Bracor, empresa de propriedades comerciais para renda que concluiu seu ciclo de investimentos em 2011, tinha como sócios Betancourt, a Equity (do megainvestidor americano Sam Zell), a família real de Abu Dhabi, a família real saudita, o Morgan Stanley, a Berkley e o Itaú BBA.