26/05/10 11h15

Braskem quer aumentar produção de plástico verde

O Estado de S. Paulo

A petroquímica Braskem quer aumentar a sua capacidade de produção de resinas a partir do etanol para a obtenção do chamado "plástico verde". A companhia elevou de 150 mil para 200 mil toneladas a capacidade anual de produção de sua primeira unidade que substitui o petróleo pela cana-de-açúcar como matéria-prima, que será inaugurada no segundo semestre, em Triunfo (RS). E planeja investir em outras fábricas. Diante da crescente demanda por produtos de origem renovável que identifica no mercado, o vice-presidente de Planejamento e Tecnologia da Informação da Braskem, Alan Hiltner, disse ontem que a companhia aposta no segmento. A empresa já tem projetos de fábricas com capacidade de até 400 mil toneladas, mas ele não deu detalhes sobre as regiões em que elas seriam instaladas.

De acordo com ele, a fábrica de Triunfo começará a operar em agosto com toda a produção já vendida, apesar de o produto obtido da cana-de-açúcar ainda ser 30% mais caro do que o similar derivado do petróleo. "Mesmo assim, não tem para quem quer", afirmou o executivo, em seminário sobre as perspectivas da petroquímica brasileira promovido ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro. Ainda segundo Hiltner, a certificação verde do plástico que será produzido pela Braskem no Rio Grande do Sul exerce maior atração sobre o mercado europeu, mas também há compradores nacionais interessados. Ele diz acreditar que a Europa apostará na política verde como mecanismo de incentivo da economia e barreira aos produtos asiáticos, que investem em petroquímica.

Na visão de Alan Hiltner, as limitações para a produção em grande escala "são temporárias". "Para nós, hoje, o gargalo não é mais tecnológico. É logística e tamanho de área plantada para ter unidades de até 1 milhão de toneladas."  Marcos De Marchi, presidente da Rhodia América Latina e dirigente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), afirmou que a demanda verde não sustenta a venda de produtos com preços diferenciados. "A química verde só sobrevive se for competitiva diante do petróleo. Na crise, o sujeito compra o mais barato. Não viveria desta ilusão."

Hiltner afirmou que a Braskem continua atenta a oportunidades de aquisição no exterior como forma de aumentar a sua presença no cenário internacional. Para ele, o setor viverá até meados do ano que vem uma "janela" favorável a um forte processo de consolidação. Ele afirmou que a empresa abre este ano um escritório em Cingapura em busca de oportunidades de aquisição e joint ventures na Ásia. "Em quatro anos, a Ásia representará 60% do mercado mundial de resinas. Se não estivermos lá, e hoje não estamos, estaremos fora do jogo mundial", afirma.