23/08/09 09h46

Braskem busca 'aliança' com a concorrente Quattor

O Estado de S. Paulo

A petroquímica Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas na América Latina, do Grupo Odebrecht, informou oficialmente que está em negociações com sua principal concorrente, a Quattor, controlada pela Petrobrás e a família Geyer, do Grupo Unipar. Em comunicado ao mercado, a ser divulgado nesta segunda-feira, a companhia confirma que iniciou conversas com os acionistas da Quattor, para "identificar eventuais oportunidades de aliança estratégica em seus negócios".

Se confirmado, o negócio entre as duas empresas criará uma gigante petroquímica brasileira, com porte semelhante à mineradora Vale. Juntas, elas faturam cerca de R$ 28 bilhões (US$ 14,7 bilhões) por ano. Segundo fontes ligadas às companhias, a venda da Quattor surge como uma das opções para o endividamento da empresa, estimado em R$ 6 bilhões (US$ 3,2 bilhões), que corresponde a 60% do faturamento. Outra solução seria fazer a abertura de capital na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

A Quattor foi criada em agosto de 2008, a partir da compra da Suzano Petroquímica pela Petrobrás e sua posterior associação com o Grupo Unipar. A estatal é sócia minoritária da companhia, com cerca de 40% das ações. Para viabilizar a união com a Braskem, porém, essa participação teria de ser ampliada, por meio de um aporte bilionário de capital. Assim, a estatal viraria controladora do novo conglomerado petroquímico, uma vez que já detém 30% das ações da Braskem. Esse novo arranjo, porém, pode ser um dos empecilhos do negócio. Uma das críticas é que, assumindo o controle da Braskem, o setor passaria por uma reestatização, o que atrairia oposição política.

A opção de perder o controle da Braskem também não é bem vista pelo Grupo Odebrecht, hoje sócio majoritário da companhia. Por fim, a união das duas gigantes seria, certamente, questionada pelos órgãos de defesa da concorrência, a ser julgado pelo Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade). De acordo com fontes ligadas ao negócio, a Petrobrás está tomando a iniciativa de buscar uma solução para a Quattor.