30/05/11 14h04

Brasileiros devem gastar US$ 13,1 bi em itens de luxo

DCI

Ir ao encontro das novas classes médias, no Brasil e em outros países emergentes: este parece ser o caminho para que a indústria do luxo se expanda. Para este ano o setor almeja faturar cerca de R$ 20,94 bilhões (US$ 13,1 bilhões). Em 2010, os brasileiros gastaram R$ 15,73 bilhões (US$ 9 bilhões) em produtos de luxo.

O setor, em termos globais, movimentou cerca de US$ 600 bilhões em 2010, sendo que deste total a fatia brasileira representa cerca de 2%. O fato, porém, é que sem voltar-se a camadas sociais diferentes a atividade não tem como crescer muito mais por aqui: só 0,6% da população brasileira tem renda superior a R$ 20 mil/mês (US$ 12,5 mil/mês) (cerca de 307 mil famílias). O potencial de consumo destas pessoas é de R$ 71,3 bilhões (US$ 44,6 bilhões). Por outro lado, metade dos brasileiros é da classe C. Somados, eles têm uma capacidade de compra 13 vezes mais elevada do que a desta elite: espera-se que movimentem R$ 923,5 bilhões (US$ 577,2 bilhões) no presente ano. Se a economia do luxo quiser crescer, é para estes batalhadores que terá de se voltar.

São dados vindos de estudos do Boston Consulting Group, do Data Popular e outros institutos de pesquisa que se dedicaram ao tema. Semana passada encerrou-se em São Paulo a 3ª edição do Atualuxo, maior evento local do setor. Empresas e consultores parecem concordar: a massa de consumidores no País tem se esforçado para incluir-se no mercado do luxo. Em contrapartida, seria salutar que este se esforçasse para incluí-la também. A economia do luxo no Brasil está focada, principalmente, em hotelaria, moda e no setor aéreo. Afora isto, possui bons produtos no ramo imobiliário, em joias, cosméticos e alimentação.

A consolidação da classe C no Brasil traz a perspectiva de novos consumidores para todos os mercados, incluindo este. Isto só se dará, no entanto, se os valores destas pessoas forem levados em conta, bem como sua capacidade de consumo. A venda de bens de luxo em várias prestações, por exemplo, já vem sendo tentada. Tudo depende, porém, que o bom momento econômico do País perdure.

"O Brasil continuará recebendo aportes internacionais em diferentes áreas do luxo, tais como turismo, cosméticos, moda e joias (em especial relógios de grife) se permanecer oferecendo estabilidade econômica e política aos players", afirma Abelardo Marcondes, executivo da agência de comunicação Lovebrand/TTPM, especializada no setor. "Tal movimento se deve em especial às expectativas de contínua criação de riqueza pelo País, alavancada por eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas".