Brasileiro compra mais óculos e setor vai a US$ 9,3 bi

Valor Econômico

A indústria óptica brasileira deverá movimentar este ano quase R$ 19 bilhões (US$ 11,2 bilhões), um crescimento de 25% em relação ao faturamento de R$ 15,8 bilhões (US$ 9 bilhões) de 2010. Apesar de ser um índice robusto, essa projeção mostra um desempenho mais tímido diante da alta de 30% no faturamento do setor verificada na comparação entre 2010 e 2009. O motivo da perda de ritmo, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica), Bento Alcoforado, é o cenário de alta nos juros para reduzir o consumo e a oferta de crédito como meios de combater a alta da inflação. O presidente da Abióptica conta que o que mais impulsionou o resultado de 2010 foi a venda de lentes, sejam elas simples ou multifocais. Pela primeira vez na história do setor óptico, o faturamento com as vendas de lentes superou o das armações.

O presidente da fabricante francesa de lentes Essilor, Thomas Bayer, acrescenta que notou uma mudança no perfil do consumidor brasileiro. "As pessoas estão dando mais importância para a qualidade das lentes do que para uma armação de grife", diz ele. Levantamento da Abióptica sobre o desempenho do setor, no ano passado, mostra que o faturamento das lentes multifocais, considerando-se apenas as vendas realizadas em ópticas, cresceu 128% em 2010, em relação ao desempenho de 2007, quando a entidade realizou seu primeiro diagnóstico do setor. O faturamento das lentes simples, por sua vez, teve alta de 118% na mesma base de comparação.

A Essilor registrou crescimento de 20% no seu faturamento do ano passado em comparação com o ano anterior. Para 2011, Bayer acredita que o crescimento vai ser novamente de 20%. A Essilor está investindo R$ 75 milhões (US$ 44,1 milhões) para aumentar sua produção. Parte desses recursos foram aplicados no ano passado na compra de quatro laboratórios que fazem tratamento de lentes. Até o fim do primeiro trimestre, Bayer espera fechar mais duas aquisições. Por volta de 25 milhões de lentes por ano são fabricadas na fábrica da Essilor, em Manaus. A empresa, uma das maiores do mercado brasileiro, tem ainda seis laboratórios e um centro de distribuição. Cerca de 80% da produção da empresa é voltada para o mercado doméstico. Os 20% restantes são exportados para países da América Latina, mais Estados Unidos e Canadá.

O estudo da Abióptica também constatou que o nível de pirataria e ilegalidade permanece no mesmo patamar de quatro anos atrás. Esses produtos respondem por 40% do mercado. Segundo Alcoforado, isso acontece porque há novas rotas no Brasil para a entrada de produtos ilegais. O presidente da Abióptica estima que há um mercado potencial no Brasil de 40 milhões de pessoas que têm algum tipo de deficiência visual e não sabem. Essa estimativa, segundo Alcoforado, é do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.