07/04/11 14h51

Brasileiro compra mais guia de viagem

Valor Econômico

Seja na Casa Rosada, na Torre Eiffel, na Disney ou no Coliseu de Roma há, invariavelmente, brasileiros por lá. E, cada vez mais. Nos últimos dois anos, o número de brasileiros que viajaram para fora do país saltou de 2,7 milhões para 5,6 milhões, segundo dados da Polícia Federal. Aproveitando esse boom, as editoras estão investindo no mercado de guias de turismo. No ano passado, as vendas desses livretos aumentaram 20% em redes de livrarias como Saraiva e Fnac - índice que só fica atrás dos títulos infanto-juvenis, campeões de venda. O que chama atenção é exatamente esse percentual de crescimento e não propriamente o faturamento do mercado de guias, que hoje movimenta algo entre R$ 40 milhões (US$ 25 milhões) e R$ 50 milhões (US$ 31,3 milhões) por ano. O mercado de livros, sem incluir os didáticos, fatura cerca de R$ 1,5 bilhão (US$ 937,5 milhões) anualmente, segundo a Câmara Brasileiro do Livro (CBL).

De olho no aumento de brasileiros cruzando a fronteira, a gigante britânica Lonely Planet - que já imprimiu 100 milhões de guias no mundo e desde 2007 pertence ao grupo de mídia BBC - fechou parceria com a Globo Livros para atuar no Brasil. "Vamos lançar dez guias simultaneamente com a marca Lonely Planet, que já tem uma equipe própria no Brasil. Nos cinco primeiros anos serão investidos R$ 15 milhões (US$ 9,4 milhões)", disse Mauro Palermo, diretor da Globo Livros. A previsão é que dentro de cinco anos sejam editados de 60 a 70 guias da Lonely Planet, que devem gerar uma receita acumulada de R$ 24 milhões (US$ 15 milhões). O Brasil é o único país da América Latina em que a Lonely Planet está presente. A editora britânica tem escritórios na Europa, Ásia e Estados Unidos. "Um em cada quatro guias Lonely Planet está publicado em um idioma diferente do inglês e estamos animados para adicionar o português do Brasil na nossa família de línguas", disse Matt Goldberg, principal executivo da Lonely Planet.

A britânica Lonely Planet terá dois fortes concorrentes no mercado brasileiro: a também inglesa Dorling Kindersley (DK), que está no país desde 1995 por meio de uma parceria com a Publifolha, e o grupo editorial brasileiro Abril, que tem a seu favor a tradição em guias nacionais de viagem. "Notamos uma mudança no comportamento do turista brasileiro que parece estar mais confiante com a economia e mais animado com a cotação do dólar", disse Luciana Maia, editora responsável da Publifolha. Líder em vendas de guias internacionais no Brasil, a editora de livros do grupo Folha tem em seu portfólio mais de 90 destinos. Por ano, são editados 50 novos títulos. "Já vendemos mais de 3 milhões de exemplares entre guias de viagem e de conversação", disse Luciana.

A atuação das editoras está diretamente relacionada ao aumento da renda do brasileiro e à retomada do turismo no exterior. No fim de 2001, após o atentado terrorrista às Torres Gêmeas em Nova York, nos Estados Unidos, as viagens internacionais arrefeceram brutalmente e só se recuperaram plenamente por volta de 2005 - período que coincide com o início da maior oferta de crédito no Brasil. Esse cenário motivou a Abril a entrar há cinco anos no segmento de guias internacionais, com as marcas das revistas "Viagem e Turismo" e "National Geografhic". Durante aproximadamente 40 anos, a Abril editou apenas guias com dicas das atrações turísticas nacionais. Neste ano, a Abril lançou um Guia 4 Rodas para Buenos Aires. A editora encerrou o ano passado com 1 milhão de guias impressos e faturamento de R$ 10 milhões (US$ 6,3 milhões) no segmento, um aumento de 15% na comparação com 2009.