Brasileira planeja retornar ao país
Valor EconômicoUma empresa com capital 100% brasileiro na França que não atua mais no Brasil faz planos agora, mesmo com a crise econômica, de voltar a vender seus produtos no mercado brasileiro. A companhia em questão é a Alkor Draka, fabricante de filmes plásticos flexíveis de PVC que atua em diferentes segmentos e se diz líder na Europa no setor. É uma das poucas brasileiras na França e uma das poucas com fábrica e mais de 140 empregados. Situada em Liancourt, na Picardia, a cerca de 70 quilômetros de Paris, pertence ao grupo brasileiro Vulcalux, que comprou em 2007 a companhia francesa com dono, na época, alemão. De telas de cinema a filmes plásticos usados em aviões ou ônibus, as áreas de atuação da Alkor Draka são as mais variadas. As paredes e tetos de lojas da Apple, por exemplo, são revestidas com seus plásticos.
A presença na França permitiu uma guinada estratégica da empresa, que passou a fabricar produtos tecnológicos e também a expandir suas atividades internacionais, graças ao apoio, inclusive financeiro, do governo francês.
É o contrário do que aconteceu no Brasil, conta Rubens Leite, presidente da Alkor Draka na França. "Sem recursos, fomos diminuindo a qualidade para competir com os chineses. Estávamos na contramão." A unidade da Vulcalux no Brasil foi vendida em 2012 e hoje só atua no setor de metalurgia.
"Na França, não é possível ser competitivo com produtos sem diferencial tecnológico", afirma Leite. Ele afirma ser "caro" produzir no país e que o salário mais baixo em sua fábrica é de € 1, 5 mil euros (R$ 6,5 mil). A Alkor Draka investe anualmente € 1,5 milhão em pesquisas no país, segundo o executivo. A receita no país é de € 32 milhões. O objetivo é agregar mais valor à produção. "Antes, eu vendia apenas uma parte do produto final. Hoje, eles são cada vez mais acabados", diz Leite. A empresa passou ainda a reciclar a matéria-prima desperdiçada, permitindo a redução de custos operacionais.
A Alkor Drakar também recebeu dinheiro do governo francês - € 100 mil - "a fundo perdido", diz o presidente, para contratar um químico que trabalha na pesquisa de fórmulas para desenvolver filmes plásticos hidrossolúveis, hoje fabricados apenas pelo Japão, segundo Leite. "Se não der certo, não precisarei devolver os recursos", afirma.