22/11/09 11h37

Brasil volta a ser prioridade para empresas alemãs

O Estado de S. Paulo

Em 1989, quando o Muro de Berlim caiu, a Alemanha era o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos. Desde então, chegou a cair para o sexto lugar. O país que participou da industrialização do Brasil, cujo símbolo maior é o Fusca, e tem em São Paulo a maior cidade industrial fora de seu território, foi o grande ausente dos leilões de privatização dos anos 90. Os alemães estavam ocupados com o esforço de modernização da Alemanha Oriental.

A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Alemanha, dias 3 e 4, marca o ressurgimento do apetite dos alemães pelo Brasil - que acaba de elevá-los ao primeiro lugar no ranking de investidores. Depois de se reunir com os presidentes das principais empresas alemãs, no dia 3, em Berlim, Lula participará, no dia seguinte, de um seminário em Hamburgo com mais de 700 empresários. Tudo indica que ele encontrará uma plateia atenta.

Nos preparativos para a visita, o presidente da poderosa Federação das Indústrias Alemãs (BDI), Hans-Peter Keitel, enviou uma carta à chanceler Angela Merkel qualificando o Brasil de "economia mais importante da América Latina e potência econômica emergente no mundo", manifestando interesse em encontrar-se com Lula e exortando a chefe do governo alemão a visitar o Brasil "o mais breve possível". A BDI reúne 37 associações, que representam mais de 100 mil indústrias e empresas de engenharia.

Como reflexo da crise financeira internacional, os investimentos diretos alemães no Brasil no ano passado - US$ 1,04 bilhão - foram 40% menores do que em 2007. Já nos primeiros quatro meses de 2009, as empresas alemãs investiram no Brasil US$ 1,98 bilhão, 90% mais do que em todo o ano de 2008. Com isso a Alemanha se tornou o maior investidor no Brasil, superando os Estados Unidos, que tradicionalmente ocupam o primeiro lugar nesse ranking.

De acordo com Sigrid Zirbel, diretora da BDI para as Américas, o empresariado alemão quer participar sobretudo dos investimentos em infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e para a Olimpíada de 2016, que poderão consumir, juntas, algo como R$ 130 bilhões (US$ 75,6 bilhões), segundo cálculos de economistas.