Brasil terá ônibus a hidrogênio em 2008
Valor Econômico - 08/11/2006
O pontapé formal a um dos mais avançados projetos de ônibus ecológicos do mundo será dado na próxima terça-feira, na sede da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, a EMTU, em São Bernardo do Campo (SP). Na ocasião serão apresentados os detalhes de um segredo bem guardado - o do primeiro ônibus brasileiro movido a célula de hidrogênio. Trata-se de um veículo mais silencioso, movido a hidrogênio e não-poluente que, se tudo correr conforme o script, deverá ter um protótipo rodando nos 33 quilômetros do corredor Jabaquara-São Mateus, na região metropolitana de São Paulo, no final de 2007 ou início de 2008. Deve ter 12 metros, piso rebaixado, três portas e ar-condicionado. O plano é testá-lo por seis meses. A partir daí, mais três ou quatro similares serão produzidos. Há vários parceiros no projeto iniciado em 1997 e gerenciado pela EMTU. O consórcio responsável pelo fornecimento dos ônibus e pela infra-estrutura de hidrogênio têm oito nomes: a AES Eletropaulo fornecerá a energia para o processo de eletrólise da água; a canadense Ballard Power Systems, líder mundial neste negócio, será a fornecedora das células de hidrogênio; a EPRI International, uma instituição americana sem fins lucrativos, fará a administração do conjunto de empresas envolvidas; a canadense Hydrogenics providenciará os equipamentos que produzem o hidrogênio; as brasileiras Marcopolo e Tuttotrasporti são responsáveis, respectivamente, pela carroceria e pelo chassi; a Nucellsys, joint venture entre DaymlerChrysler e Ford, dará o suporte técnico e a Petrobras fornecerá a infra-estrutura para a estação de abastecimento. O Ministério das Minas e Energia é o diretor-nacional do projeto e a EMTU, a agência executora. O PNUD, o braço da ONU que cuida do desenvolvimento, é a agência implementadora. A idéia é reduzir as emissões de gases responsáveis pelo efeito-estufa no transporte público. O GEF, o Global Environment Facility, um fundo internacional que destina recursos a projetos ambientais, custeia a iniciativa com o equivalente a US$ 12 milhões. A contrapartida brasileira - US$ 3,8 milhões - é bancada pela Finep. O princípio do ônibus a hidrogênio é basicamente o seguinte: a célula-combustível produz energia com eficiência utilizando o hidrogênio como combustível e, pelo cano de escapamento, ao invés de fumaça preta e material particulado, só emite vapor d'água.