26/03/10 11h47

Brasil terá a maior fábrica de tintas do mundo em 2013

Valor Econômico

O brasileiro gosta de colorir a casa. Entre as classes mais baixas, escolher uma nuance entre uma gama múltipla e quase indistinta de cores - nem que seja para destacar uma única parede - é sinônimo de status. Para o público de renda mais alta, as cores compõem a decoração e as últimas novidades do mercado, como a tinta com efeito camurça, palha ou até a que imita jeans, embelezam e tiram o ambiente do lugar comum. O fato é que, estimuladas pelo aumento de renda e a expansão do mercado imobiliário, a indústria de tintas se prepara para uma expansão na casa dos dois dígitos este ano, depois de um 2009 fraco em termos de vendas.

A Suvinil, da Basf, líder de mercado, está se estruturando para aumentar de tamanho no país. Com capacidade atual de 330 milhões de litros, a fábrica de São Bernardo do Campo - que no ano passado recebeu investimentos de R$ 21 milhões (US$ 10,7 milhões) em modernização - está recebendo um novo aporte de R$ 15 milhões (US$ 8,3 milhões). E, ainda este ano, a companhia fará mais uma tranche de investimentos na fábrica. "Será a maior fábrica de tintas do mundo", afirma Antonio Lacerda, vice-presidente de tintas, vernizes e infraestrutura para América do Sul da Basf. A ideia é que até 2013, a fábrica de São Bernardo já esteja operando com o novo tamanho.

A segunda fábrica da companhia, em Jaboatão dos Guararapes (PE) recebeu investimentos de R$ 20 milhões (US$ 10,2 milhões) no fim do ano passado. Tudo isso para atender praticamente o mercado interno - as exportações representam menos de 5% do negócio e foi justamente o mercado que mais sentiu os efeitos da crise. "O começo do ano passado foi complicado no mercado brasileiro, mas a partir do segundo semestre, voltou a crescer e não parou mais", diz Lacerda.

No ano passado, as vendas da área de soluções funcionais (que inclui químicos para construção e tintas) da Basf foi de € 607,5 milhões. A empresa não revela o faturamento da divisão de tintas no Brasil. Aliás, diante da forte concorrência entre elas próprias e do avanço de marcas regionais, as multinacionais de tintas jogam a culpa na matriz e praticamente não divulgam números absolutos.

A Coral, que pertencia à inglesa ICI, adquirida pela AkzoNobel em janeiro de 2008, limita-se a dizer que vai investir 50% mais este ano, sem revelar os números de 2009. A companhia pretende crescer acima do mercado, que projeta incremento de 3,4% em 2010, segundo a Abrafati (Associação Brasileira dos fabricantes de Tintas). No ano passado, a indústria de tintas imobiliárias teve queda de 2,3% no faturamento, que somou R$ 1,9 bilhão (US$ 964,5 milhões). Em volume, houve uma alta de 0,7%, com 982 milhões de litros. A americana Sherwin-Williams não foge à regra e diz que pretende crescer acima do mercado. Ao contrário das concorrentes, que atuam nas duas pontas, a empresa quer se firmar no mercado premium de tintas. "Queremos evoluir para produtos de maior valor agregado", afirma Mark Pitt, presidente da companhia no Brasil, que não prevê investimentos fabris.

Por conta da disputa com marcas mais baratas ou com forte posicionamento regional, as três maiores também caminham na mesma direção. Ressaltam a importância de desenvolver produtos inovadores e ampliar o investimento em marketing este ano.