Brasil tenta aproximar posições na área agrícola para retomar Doha
Valor Econômico - 27/11/2006
O Brasil estará esta semana no centro de tentativas para aproximar posições entre os principais países sobre o corte de tarifas e de subsídios agrícolas, na esperança de retomar a Rodada Doha na Organização Mundial do Comércio (OMC). O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e seu colega indiano Kamal Nath participarão em Genebra de discussão sobre a OMC promovida pela União InterParlamentar. Em encontros sempre bilaterais, Amorim, Nath, Mandelson e outros vão verificar os eventuais avanços feitos informalmente entre negociadores, e ver como podem acelerar politicamente a volta da negociação. As dificuldades não mudaram sobre como cortar tarifas e subsídios, mas negociadores dizem haver "formas para se encontrar o caminho que aproxime as posições e permita retomar a negociação". O cenário das discussões tem sido idêntico: cada flexibilidade acenada por um país é quase sempre vista como insuficiente pelos outros, e com um preço caro demais, além do que os parceiros estão dispostos a pagar. Assim, os americanos só se comprometem com corte maior nos subsídios domésticos se os europeus aceitarem redução tarifária num nível que Bruxelas diz não ter condições de atender. Nas últimas semanas, os EUA aumentaram a pressão sobre a UE para que aceite cortes acima de 54% nas tarifas agrícolas. O comissário europeu Mandelson retrucou que Bruxelas está pronta a melhorar sua oferta, mas só acena com corte de 50%. Já a poderosa confederação agrícola européia Copa-Cogeca divulgou nota na sexta-feira alertando que a Europa só pode se engajar em redução média de 46% nas alíquotas agrícolas, corte de 75% nos subsídios domésticos e eliminação de subsídios à exportação. Os americanos são cobrados pelo Brasil e outros parceiros a cortar "alguns bilhões" na cifra de US$ 22,4 bilhões, que é o teto proposto por Washington para seus subsídios domésticos. O Brasil também considera essencial limitar o montante de ajuda americana para soja, algodão, trigo, milho e arroz.