24/09/08 11h46

Brasil será principal destino de investimento da AL em 2009

Folha de S. Paulo - 24/09/2008

Em um momento de desaceleração econômica global, o Brasil deverá ser o principal destino de investimentos de empresas latino-americanas em 2009, de acordo com pesquisa da consultoria KPMG divulgada ontem. De 140 executivos de multinacionais da região, 21% declararam intenção de investir no país no ano que vem. Em seguida, apareceram os Estados Unidos e a Argentina, ambos com 19% das intenções. No contexto de fraco desempenho econômico nos países desenvolvidos, os investidores voltam os olhos aos emergentes. E, no caso do Brasil, o acesso a um mercado consumidor crescente e a maior estabilidade política surgem como os principais atrativos, afirma Diogo Ruiz, sócio-responsável pela Prática de Impostos da KPMG no Brasil. Embora haja consenso de que haverá um período, ao menos até o ano que vem, de escassez de oferta de crédito externo e baixa nos investimentos, o Brasil surge como alternativa aos grupos empresariais que ainda dispõem de maior liquidez e estão dispostos a investir. "Pode ser que haja um enxugamento, mas, de qualquer maneira, sempre haverá a necessidade de aplicação. Com a crise lá fora e o grau de investimento no Brasil, há uma canalização natural de recursos para cá", afirma Ruiz. O Brasil terá uma vantagem comparativa em relação a outros países, o que não significa que o aporte de capital no país será maior. Ao contrário, a previsão é que haja queda no investimento direto estrangeiro. De acordo com a RC Consultores, o volume de capital externo no Brasil deverá alcançar US$ 38 bilhões em 2008. Para o ano que vem, o montante deve cair para algo entre US$ 25 bilhões e US$ 28 bilhões. "Ou seja, a crise aparece como uma oportunidade relativa ao Brasil. Este não é um quadro expansionista", afirma Fábio Silveira, sócio-diretor da RC. A pesquisa da KPMG mostra também que a intenção de investimentos no Brasil será menor. Em um horizonte de cinco anos, o interesse em investir no país cai de 21% para 19%. Para Ruiz, o fato de as empresas já estarem consolidadas no Brasil em 2013 explica a redução.