19/06/10 10h57

Brasil puxa retomada do PIB da região

Folha de S. Paulo

O impacto do maior crescimento brasileiro em mais de uma década não ficou restrito às fronteiras do país. Na América Latina, especialmente no Mercosul, o avanço de 9% do PIB brasileiro ajudou a retomada regional. Isso acontece porque o aquecimento brasileiro também se reflete no aumento da compra dos vizinhos, especialmente Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, afirma o argentino Osvaldo Kacef, diretor da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). "Quando o Brasil cresce, é uma grande notícia não apenas para países pequenos como Paraguai e Uruguai, mas também para a Argentina. É o maior país da região, o motor do Cone Sul, inclusive para o Chile", diz Kacef.

No primeiro trimestre, as importações brasileiras vindas do Mercosul foram 43% maiores que no mesmo período de 2009, e a participação do bloco nas compras do país também ganhou espaço. Segundo Kacef, o Brasil é "uma variável fundamental para os países do Cone Sul". Ainda que não tenha a mesma "magnitude" que a China tem para os emergentes da Ásia (a economia chinesa é mais de duas vezes e meia maior que a brasileira), o país é "muito importante" para a expansão da região. Ele afirma que os países da América do Sul estão passando por um processo de "recolamento" ("recoupling") ao Brasil e à China. Ainda que tenha perdido espaço para a China nos últimos anos, o Brasil é o principal comprador de países vizinhos (como Uruguai e Argentina) ou um dos maiores (Chile e Colômbia, por exemplo). Ao contrário das chineses, as importações brasileiras dos vizinhos são muito mais variadas, não se resumindo apenas a commodities (matérias-primas).

No caso argentino, cujo PIB cresceu 6,8% no primeiro trimestre, as compras brasileiras têm um grande impacto no parque industrial. Quase dois terços do que a Argentina vende para o Brasil são itens industrializados. Da Argentina chegam produtos como carros, veículos de carga e ligados à indústria química. Grande parte das exportações de carros da Argentina vem para o Brasil, o que influencia diversos setores da economia vizinha -a siderurgia, por exemplo.