Brasil propõe acordo de preferências tarifárias entre o Mercosul e a China
valor econômicoO Itamaraty apresentou aos parceiros do Brasil no Mercosul uma proposta para que o bloco negocie com a China um acordo de preferências tarifárias que poderá conferir vantagem competitiva para uma serie de produtos entrarem nos respectivos mercados.
O Valor apurou que a Camara de Comércio Exterior (Camex) deu aval a uma possível negociação. Na visão brasileira, o acordo deveria se limitar a uma lista de produtos agropecuários. Mas negociadores não ignoram que Pequim tentará incluir produtos manufaturados nesse tipo de negociação, se ela de fato ocorrer.
Pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), a chamada "cláusula de habilitação" permite que países em desenvolvimento concedam preferências tarifárias entre si sem a necessidade de estendê-las a países desenvolvidos.
Acionado pela Camex, o Itamaraty levou aos sócios do Mercosul a ideia de entendimento com os chineses, mas até agora não houve qualquer reação por parte de Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela. "Continuamos aguardando, porque só negociamos em conjunto", disse um negociador do Brasil. "Não achamos que os outros membros do Mercosul ficarão contra".
Na Turquia, a presidente Dilma insistiu no interesse de intensificar o comércio com seus parceiros dos "Brics" (Rússia, China, India e Africa do Sul), durante reunião do grupo.
A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, não quer perder tempo. Ela defende a negociação com os chineses, tomou a dianteira e, no início desta semana, estará em Pequim, onde um de seus encontros importantes será no Ministério de Comércio para discutir o tema.
"Estou fazendo minha parte. O Brasil tem interesses agrícolas importantes", afirmou ela. Entre os produtos para os quais o Brasil buscará uma significativa redução de alíquota com os chineses em um eventual acordo estão café, suco de laranja, carnes e lácteos. Do lado chinês, a ministra acredita que há interesse em elevar as vendas ao Brasil de produtos como tripas, pescados, pêras e pêssegos.
Kátia Abreu tem sido proativa no que se refere a comércio exterior e investimentos. Ela não se limita, em suas visitas a outros países, a discutir apenas com seus colegas da parte agrícola. Tenta ir à frente.
Em relação à China, o setor industrial brasileiro parece mais preocupado com o que poderá acontecer a partir de 11 de dezembro de 2016, quando Pequim espera que o Brasil passe a reconhecer o país como uma economia de mercado e deixe de adotar uma metodologia flexível para impor sobretaxas contra produtos chineses.