Brasil precisa expandir mercados, diz diretor da Maersk Line Brasil
O Brasil precisa firmar mais acordos bilaterais de comércio para ampliar sua presença no mercado internacional de exportações e importações. Contar somente com a variação do dólar comercial, cuja cotação cresceu mais em dois meses e meio do que em todo o ano passado, não será suficiente para compensar o baixo crescimento esperado para a movimentação de cargas por contêineres neste ano.
Em resumo, é a avaliação do diretor comercial da Maersk Line Brasil, Mario Veraldo, que concedeu entrevista nesta terça-feira(17) a A Tribuna e representa, no País, a maior transportadora mundial de cofres de carga.
Na comparação dos resultados de 2014 e 2013, houve alta geral de 1% em embarques e desembarques de contêineres no Brasil. Para este ano, a previsão é de que o índice se repita. Os dados foram reunidos pela consultoria Datamar, especializada em comércio marítimo e exterior, a pedido da Maersk.
Para que pudesse haver um cenário mais favorável ao tráfego de cargas conteinerizadas apenas com o aumento do dólar, Veraldo calcula que, para cada ponto percentual de queda nas importações, seria preciso expandir em três a quatro pontos o volume exportado.
A realidade, segundo o diretor, é outra: “O volume de importação de contêineres é significativamente maior do que o de exportação. Precisa-se de estabilidade em termos de volume (importado) e acelerar a exportação muito mais do que a queda na importação”.
No Porto de Santos, conforme estatísticas da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) referentes a janeiro deste ano, importaram-se 92.095 contêineres e exportaram-se 90.278. E a alta nas importações foi de 7,2%, superior à das exportações (2,8%), na comparação com o mesmo mês do ano passado. Mas, em 2014 inteiro, os embarques superaram levemente os desembarques (1.192.084 contra 1.182.342 unidades).
EUA e Europa
Mario Veraldo entende que, para ampliar os resultados comerciais do Brasil, o Governo e empresários precisam ter “interesse político em executar” acordos bilaterais com dois grandes mercados: Estados Unidos e União Europeia.
“Eles têm uma base importadora muito grande. Demandam produtos do mundo inteiro. A gente vê o fluxo de produtos que estão circulando para esses mercados. O grande ponto é como se posiciona o Brasil para que ele participe desse mercado de uma maneira mais forte”, analisa.
Sem mencionar números, o diretor comercial da Maersk cita como exemplo a ampliação da presença de produtos brasileiros na China, cujo mercado consumidor ainda cresce com força. “O comércio entre Brasil e China foi muito acelerado nos últimos anos. Mas um impacto mais positivo seria fazer um acordo bilateral com quem ainda não se está fazendo muitos negócios”.