14/10/15 14h52

Brasil pode tornar-se líder de mercado em nanotecnologia

Agência Gestão CT&I

Estimativas de profissionais que atuam no campo da nanotecnologia é de que o setor pode movimentar no mundo, até 2018, um montante de R$ 4 trilhões. Dentro desse panorama, o Brasil espera ter 1% de todo esse mercado, o que geraria negócios ao redor de R$ 40 bilhões.

O País tem grandes chances de tornar-se um grande líder na área de nanotecnologia. Um dos maiores centros nacionais no segmento é Santa Catarina. Somente no estado, há 25 empresas atuando setor. Mas para alcançar as principais potências, é preciso rever as políticas públicas construídas para estimular o setor. Essa é a avaliação do secretário executivo da Ação Promotora de Inovação em Nanotecnologia (API.nano) e da Fundação Certi, Leandro Berti.

"Temos muita capacidade para desenvolver, mas faltam incentivos. Precisamos de linhas de crédito melhores e de subvenção econômica com valores mais importantes", sugeriu o dirigente, em entrevista exclusiva à Agência Gestâo CT&I. "A grande maioria das empresas de nanotecnologia são de micro e pequeno porte. Por serem MPEs elas têm dificuldade em obter empréstimos para conseguir trabalhar."

Além dos recursos para começar a desenvolver a tecnologia, as empresas que trabalham com nanotecnologia também não possuem capital para produzir comercialmente. "Sair da bancada e virar um produto em grande escala é um trabalho bastante árduo. Este fato, por vezes, detém o desenvolvimento da nanotecnologia", alertou Berti.

Crise

O recente contigenciamento aplicado pelo governo, que retirou 30% do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), não seria um grande empecilho caso o governo federal destinasse mais recursos para o setor de nanotecnologia. Na opinião do secretário executivo do API.nano, o que falta é definir prioridades para investimentos.

"Hoje há uma grande quantidade de recursos públicos sendo investidos no setor de aplicativos. Esta é uma economia que de certa forma não é sustentável porque alguém pode lançar um produto em seguida e já derrubar a tecnologia. É preciso investir em tecnologias que, no futuro, vão dar sustentabilidade ao País. Nanotecnologia é um caminho. Nós não podemos perder essa oportunidade", avalia Leandro Berti.

O especialista também explica que é necessário um trabalho de sensibilização com investidores. Quando se trata de investimentos financeiros em nanotecnologia, ele garante que há justificativa para o medo. "Alguns dizem: ah, eu não sei o que vai dar. Tem que correr riscos. Existe risco, mas este é um negócio muito mais sólido que um aplicativo, segmento onde há muitas pessoas dispostas a investir", pontuou.

O especialista debateu sobre o assunto durante a Nano TradeShow, evento internacional sobre nanotecnologia que acontece em São Paulo (SP) de terça (13) a quinta-feira (15), no Transamérica Expo Center.