09/06/09 14h42

Brasil passa pela crise melhor que os parceiros

Valor Econômico

A possibilidade de a economia brasileira encolher neste ano é grande, mas o país tem se saído melhor que vários outros emergentes no cenário da mais grave crise global desde os anos 30. Se não mostra a resistência de uma China, o Brasil ao menos exibe um desempenho mais consistente que o da Rússia, México, Turquia e alguns países do leste europeu. Com reservas internacionais na casa de US$ 200 bilhões, um déficit em conta corrente moderado, contas fiscais robustas e um sistema financeiro saudável, o Brasil tem conseguido aguentar razoavelmente bem o brusco solavanco da economia global.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta uma queda de 1,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2009, resultado bem pior que a alta de 6,5% prevista para a China e de 4,5% para a Índia, mas muito superior aos tombos estimados para Rússia (-6%), Turquia (-5,1%), México (-3,7%), República Checa (-3,5%), Hungria (-3,3%), Bulgária (-2%) e Venezuela (-2,2%).

Hoje, será conhecido o resultado do PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2008. Na comparação com o trimestre anterior, o tombo deve ficar entre 1,5% e 2,5%, feito o ajuste sazonal. A expectativa generalizada, porém, é de que a recuperação, ainda que lenta, se iniciou já no segundo trimestre deste ano.

O nível relativamente modesto do déficit em conta corrente em 2008 também ajudou o Brasil a se sair bem na turbulência. Em 2008, o rombo nas transações de bens, serviços e rendas do país com o exterior ficou em 1,7% do PIB, abaixo dos 6,4% da Hungria, dos 5,8% da Turquia, dos 2,9% da República Checa e dos 25,2% da Bulgária. Com a crise, ficou bem mais difícil financiar déficits elevados em conta corrente, o que tende a exigir ajustes severos no ritmo de crescimento, para diminuir a necessidade de importações. Não por acaso, os PIBs desses países devem registrar contrações fortes neste ano.