29/10/09 11h00

Brasil passa a ser um dos cinco mercados prioritários para SAP

Valor Econômico

Colocar o Brasil na lista dos cinco países com melhor desempenho em seus resultados globais está entre as prioridades da SAP para os próximos três anos. "Escolhemos o país para ser, talvez, o destino mais estratégico olhando para o futuro da SAP", diz ao Valor Bill McDermott, diretor de operações globais da companhia alemã, que desenvolve sistemas de gestão para empresas. Não é para menos. No resultado trimestral da companhia divulgado ontem, o país foi o único da América Latina - e um dos poucos no mundo - a apresentar crescimento nas receitas com software e serviços entre o terceiro trimestre de 2009 e o mesmo período do ano passado (7%), isso em pleno momento de estabilização da economia mundial. O Brasil já está entre os 10 países de maior relevância para a SAP em âmbito global. Essa posição, somada ao fato de que o impacto da crise econômica foi menor no país do que em muitos outros mercados importantes para a SAP, dão força aos planos locais da companhia.

Isso não quer dizer, porém, que será um jogo fácil. A SAP tem um grande número de produtos e a musculatura necessária para empreitadas que exigem grande fôlego financeiro, mas tem pela frente uma complexa missão. Muitas empresas veem os programas da SAP como acessíveis apenas a grandes corporações, seja por conta da complexidade dos sistemas como pelo seu preço. É essa visão que a SAP terá de mudar para alcançar seus objetivos. "Temos produtos que atendem às necessidades de grandes, médias e pequenas empresas", diz McDermott. Segundo ele, 70% dos 2,5 mil clientes da companhia no Brasil hoje já são de médio e pequeno portes.

Na concepção da SAP, companhias de médio porte são aquelas que têm cerca de 500 funcionários, enquanto no Brasil essa categoria envolve empresas com até 100 empregados, em média, dependendo da atividade. Mesmo assim, a SAP vê condições de conquistar uma fatia desse mercado. "Já implantamos [programas da] SAP em uma companhia com 50 funcionários", conta Frederico Vilar, gerente regional da Neoris, companhia especializada na instalação de sistemas da multinacional.

Na avaliação de Fernando Meirelles, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), um trabalho muito grande ainda precisa ser feito para tirar do mercado a imagem que ficou da SAP: a de um sistema pesado e caro. "Se você pegar as mil maiores empresas do país, a participação da SAP é de quase 70%. No mercado em geral, entretanto, é de 23%", compara. De acordo com o levantamento feito anualmente por Meirelles, a companhia brasileira Totvs é a líder do mercado local, com 39% de participação.