Brasil no topo dos gastos em TI
Segundo a consultoria IDC, o mercado de TIC vai movimentar US$ 175 bi em 2014 e consolidará o país como o quarto maior mercado global
Brasil EconômicoO mercado brasileiro de tecnologia da informação e comunicação (TIC) vai movimentar US$ 175 bilhões em 2014, segundo projeções divulgadas pela consultoria IDC, durante encontro com a imprensa realizado ontem em São Paulo. A cifra representa uma alta de 9,2% sobre 2013 e considera os gastos das empresas e consumidores com softwares, serviços e equipamentos. Com o montante previsto, o Brasil se consolida como o quarto maior mercado mundial do setor, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e do Japão.
“Somos um dos países que mais crescem em TIC no mundo. O mercado brasileiro está saudável e aquecido, e o seu crescimento está descolado do PIB”, disse Alexandre Campos Silva, diretor da consultoria para consumo e telecomunicações. A IDC prevê um crescimento de 4,3% para o mercado global nesse ano, e de 8,2% para o setor na América Latina.
O fio condutor que irá impulsionar o salto desenhado pela IDC envolve quatro pilares: computação em nuvem, mobilidade, big data e negócios sociais. Essa última vertente está relacionada às aplicações de conceitos de redes sociais em diversas frentes, desde as estratégias de vendas e de negócios, até o atendimento a clientes e os projetos de inovação. “Esses quatro conceitos estão alimentando cada vez mais o desenvolvimento de aplicações de nicho, para cada setor, ao mesmo tempo em que facilitam o acesso das PMEs à tecnologia e trazem uma maior influência das áreas de negócios na compra de TIC”, observou Silva.
Um dos pontos que permeiam todos esses conceitos e que traduzem as perspectivas para o ano é o segmento de dispositivos conectados, que compreende PCs, notebooks, tablets e smartphones. Segundo a IDC, somadas, essas categorias vão alcançar um volume de vendas de 71 milhões de unidades em 2014, ante 57 milhões no ano passado. Dentro desse universo, a expectativa é que os smartphones e tablets representem 81% das vendas. Em 2010, esse índice era de 26%. A projeção global para o ano é de que esses dispositivos tenham uma participação de 83%.
A disseminação dos equipamentos nas mãos dos consumidores e empresas, por sua vez, vai gerar reflexos em outras frentes. “Para suportar essa demanda, haverá um bom nível de investimento em atualização e melhorias das redes”, disse João Paulo Bruder, analista de telecomunicações da IDC. Em relação aos serviços prestados pelas teles, os dados móveis, com 21%, apresentam a maior projeção de crescimento de receita. Quanto ao número de assinantes de 4G, a previsão é de um acréscimo de 3 milhões no ano.
A explosão da mobilidade e dos serviços inerentes a esse e outros conceitos vão influenciar também o mercado de data centers. “Na busca por resolver a equação demanda versus redução de custos, teremos muitos investimentos na atualização de centros de dados, sejam eles próprios ou de terceiros”, diz Luciano Ramos, coordenador de software da IDC.
O analista também ressaltou os aportes para a modernização da infraestrutura para suportar as novas aplicações. Um dos destaques é a projeção de investimentos de US$ 569 milhões em nuvens públicas — nuvens compartilhadas por diversos clientes nas instalações de provedores de serviços de data center —, puxada, em grande parte, pelo modelo de software como serviço, como são conhecidos os sistemas entregues via internet.
A IDC projeta ainda investimentos de US$ 2 bilhões e de US$ 426 milhões, respectivamente, nos segmentos de internet das coisas e de big data. Na primeira categoria, os projetos serão puxados por setores como logística e saúde. Já as iniciativas de big data serão lideradas por varejo, finanças e telecomunicações.