05/07/07 10h44

Brasil lançará certificado para etanol

Valor Econômico - 05/07/2007

O Brasil criará seu próprio certificado de biocombustível para demonstrar que o etanol brasileiro é produzido de forma sustentável do ponto de vista ambiental, social e técnica e não desmata a floresta. O anúncio será feito hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na primeira Conferência Internacional sobre Biocombustível, em Bruxelas, no rastro do lançamento da parceria estratégica União Européia-Brasil, no qual a cooperação sobre mudança climática, com destaque para o etanol como alternativa energética, foi um dos pontos altos. Com o anúncio, hoje, o Brasil procura já partir antes de outros países na elaboração de certificado para estar em melhor posição para negociar o futuro padrão global sobre a produção, utilização e comércio de biocombustíveis. De outro lado, procura reagir a suspeitas de desmatar a floresta amazônica também para a produção de biocombustíveis. O comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, vai justamente insistir hoje na conferência de Bruxelas que a UE vai priorizar o "biocombustível mais verde possível", produzido na UE ou importado. "A política para biocombustível não é política industrial ou política agrícola, é uma questão ambiental", dirá. O Brasil vincula o processo de certificação à criação de padrão internacional para o etanol, para tornar o produto uma commodity internacional, a exemplo do petróleo. A discussão desse padrão estará no centro da agenda do fórum internacional reunindo Brasil, Estados Unidos, União Européia, China, Índia e África do Sul, nesta sexta-feira à tarde em Bruxelas. Para o Brasil, a discussão hoje e amanhã na capital européia é muito importante, porque a UE está muito dividida sobre etanol. A área de meio ambiente tem fortes reticências ao combustível, enquanto a área de comércio é mais liberal. A conferência poderá ser um termômetro sobre o tipo de cooperação nessa área entre o Brasil e a UE. O Brasil é o maior produtor mundial de bioetanol, com produção de quase 13 milhões de toneladas em 2005, seguido pelos EUA, com 11,8 milhões de toneladas, segundo os dados de Bruxelas.