25/10/13 15h17

Brasil já é o mercado número 1 para a portuguesa TAP

O Estado de S. Paulo

Empresa desistiu de Guarulhos e aposta no aumento da demanda por voos que saem de Viracopos, em Campinas

Em 2013, o Brasil superou pela primeira vez Portugal como principal fonte de receita da companhia aérea TAP. Com 27% de participação em vendas e forte potencial de crescimento, o mercado brasileiro é o eixo central do crescimento da companhia nos últimos anos. A aposta da empresa é reforçar a participação em Viracopos, em Campinas, e ultrapassar a marca de 80 voos no País.

"É o nosso primeiro mercado, nossa expectativa de crescimento é muito grande. Estamos em 12 cidades, mas ainda tem muito o que fazer", afirma Luiz Mór, vice-presidente da companhia. O executivo prevê, para 2014, a ampliação dos voos no Rio, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre, além de duas frequências em Viracopos.

"Não voamos mais para São Paulo pela limitação dos espaços nos aeroportos, toda capacidade está preenchida. Mas Viracopos vai construir uma competição com Guarulhos. A agressividade que administração está tendo para responder às nossas necessidades é muito boa", diz o executivo.

A companhia trabalha também na divulgação de novos destinos na região Norte, para Manaus e Belém. O objetivo é atender ao potencial reconhecido da Amazônia e também a relação histórica de Portugal com a capital paraense. As ações para a consolidação do mercado preveem até a inclusão de produtos da gastronomia do Pará nos voos da companhia.

"Era um destino para poucos, e caro. O que fizemos foi aproximar a região Norte da Europa." O desembarque da companhia na região Norte também visa desafogar as rotas em São Paulo e Fortaleza, usadas como escala. "Estamos com voos com 84% de ocupação, acreditamos que as novas rotas vão liberar uma demanda em São Paulo."

O executivo ressalta que a estratégia do grupo independe do calendário de eventos do País. "A Copa não é necessariamente uma coisa boa para a atividade aérea. Muita gente deixa de voar. Quem não vem para a Copa não vem para o destino. E os brasileiros evitam viajar. Tem sido assim com as Copas ao longo do tempo."

O apetite para crescer no País, segundo Mór, é a marca da renovação da companhia. "Somos especialistas no País. Mesmo em crise, não deixamos de operar em nenhuma cidade", diz o executivo.

Turbulências. Não foram poucas as turbulências na operação da TAP no País. Ex-diretor da Varig, Luiz Mór assumiu o cargo na aérea portuguesa em 2000, durante a primeira tentativa de venda da companhia. "Chegamos para recuperar uma empresa no fim de linha."

O processo de privatização não deu certo, e a opção dos executivos foi direcionar a expansão para o Brasil e África. Em 13 anos, a geração de rec eita da TAP no País cresceu 400%, enquanto o avanço na Europa ficou em 150%. O número de voos e cidades atendidas foi duplicado.

Em 2008, com a crise econômica e a forte retração no mercado europeu, o fluxo dos passageiros se inverteu. "O real esteve muito valorizado e teve um boom de viagens de brasileiros ao exterior, o que foi muito aproveitado (pela TAP)", ressalta Mór. "Foi o momento de reposicionar a marca no País. Buscamos nos colocar como uma marca dinâmica, jovem e para os brasileiros."

Hoje, as rotas no mercado brasileiro representam 45% dos voos da companhia. O desempenho despertou novo interesse na privatização, assunto que o executivo evita.

No início do ano, o governo português rejeitou oferta da Avianca - a única empresa que se interessou pela companhia aérea portuguesa. A proposta tinha a simpatia das autoridades brasileiras.

Capital externo. Apesar da aposta no Brasil, Mór descarta a participação da companhia lusitana no capital das aéreas nacionais. "Nós acompanhamos a discussão, mas não é para nós. O Brasil é um dos mais restritivos do mundo à participação de empresas estrangeiras. A tendência na Europa e Estados Unidos permitir até 49%, e essa deve ser a tendência no País".