24/05/10 14h30

Brasil invade EUA para vender etanol

O Estado de S. Paulo

A expectativa de vender etanol brasileiro para os consumidores americanos levou a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), entidade que representa os usineiros, a aumentar a munição naquele país. A entidade vai realizar amanhã uma promoção em dois postos de combustíveis ao lado do Congresso americano e vender a gasolina - que tem adição de etanol de milho, produzido nos EUA - com desconto de 54 centavos de dólar por galão (3,78 litros). O propósito é dar visibilidade à campanha brasileira para derrubar a tarifa de importação cobrada pelos americanos para o etanol de cana-de-açúcar importado do Brasil - os mesmos 54 centavos por galão que serão dados de desconto. Serão 12 horas de promoção. No mês passado, ação semelhante foi feita no Alabama.

A data é véspera do Memorial Day, feriado que marca o início oficial do verão, quando o preço da gasolina costumeiramente sobe para o consumidor. "Será uma forma simbólica de mostrar quanto os americanos poderiam economizar se o Congresso retirasse a tarifa", explica Joel Velasco, representante-chefe da Unica para a América do Norte, sediado em Washington. Na quarta-feira, a promoção será em Indianápolis, com desconto de 84 centavos de dólar no E85 (mistura com maior proporção de etanol) e na gasolina durante 85 minutos.

Há cerca de duas semanas entrou no ar um site em inglês voltado aos donos de veículos e formadores de opinião dos EUA. A entidade conta ainda com o reforço de uma empresa de lobby e de um escritório de relações públicas para aumentar a munição contra a barreira americana ao etanol brasileiro. Entre os pontos tratados no site estão as vantagens ambientais e financeiras do etanol brasileiro em relação ao principal concorrente, o etanol americano, obtido a partir do milho.

Velasco tem pelo menos duas reuniões por dia relacionadas à viabilidade econômica do etanol brasileiro no mercado americano. São encontros com deputados, senadores, assessores políticos, empresas e organizações não-governamentais na tentativa de convencer o Congresso americano a não renovar o imposto de importação sobre o etanol do Brasil. Além do corpo-a-corpo político, Velasco tem conseguido adesão empresarial à causa dos usineiros. As petroleiras multinacionais com negócios no Brasil, como Shell e BP, estão entre as apoiadoras.

Assim como os usineiros brasileiros, os produtores americanos do grão também têm agido para manter o imposto de importação sobre o produto. Recentemente lançaram uma campanha na mídia americana e têm se mantido articulados para reforçar o lobby. A própria Unica procura ter cautela na divulgação das estratégias por receio de que os concorrentes se antecipem no lance.