Brasil impressiona em evento de óleo e gás e deve atrair investidores
Valor EconômicoO Brasil deixou uma boa impressão na edição deste ano da Offshore Technology Conference (OTC), em Houston. Apesar da delicada situação macroeconômica do país e da crise internacional do preço do petróleo, o interesse de empresas estrangeiras no mercado brasileiro surpreendeu a delegação nacional presente na principal feira mundial de exploração e produção marítima de petróleo.
Na avaliação do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), os principais motivos foram as sinalizações dadas pelo governo, no papel do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, de que as regras de conteúdo local e do papel de operador único da Petrobras no pré-sal poderão ser revistas. Também contribuiu o fato de a estatal ter recebido o prêmio na feira pelo sucesso tecnológico no desenvolvimento da produção no pré-sal.
"A sinalização de expectativa de melhoria dos termos e condições do ambiente regulatório brasileiro é o que tem causado mais interesse", disse João Carlos de Luca, conselheiro do IBP.
A maioria dos eventos na OTC relativos à Petrobras ou ao mercado petrolífero brasileiro teve ocupação total. Talvez por se tratar de uma feira predominantemente técnica, não foram feitos questionamentos sobre a situação da estatal com relação à operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que investiga um esquema de corrupção na empresa.
O segundo escalão da Petrobras teve uma agenda intensa em Houston, para estimular fornecedores estrangeiros a instalarem bases de produção no país. Nas suas apresentações, o assessor da presidência da Petrobras para Conteúdo Local, Paulo Alonso, repetiu que há oportunidades abundantes de negócios no mercado petrolífero do país. Ele também disse que o interesse das empresas estrangeiras superou as suas expectativas.
Faltou a companhia, porém, apresentar um esboço do seu novo plano de negócios 2015-2019 e da revisão do plano estratégico 2020-2030, com a previsão de investimentos para os próximos anos. Afinal, com a drástica mudança do cenário petrolífero mundial, é esperado que a Petrobras reduza o volume de investimentos, em relação ao estimado no plano anterior, de cerca de US$ 220 bilhões em cinco anos.
"Estão todos aguardando o plano de investimentos da Petrobras", disse o executivo de uma empresa fornecedora da Petrobras, que esteve na feira petrolífera.
Para Bruno Musso, superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), no entanto, mesmo que a Petrobras reduza sua expectativa de investimentos para os próximos anos, ainda assim representará uma grande demanda para a cadeia de óleo e gás. "O Brasil ainda é um grande chamariz de interesse das empresas", disse.
O fato negativo foi a participação tímida da diretoria da estatal nas apresentações públicas da OTC. Principal nome da delegação brasileira na feira internacional, a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes, que não quis falar com a imprensa durante o evento, fez apenas uma curta apresentação sobre o pré-sal brasileiro na terça-feira, sem permitir perguntas da plateia, alegando compromisso após a palestra.
Por outro lado, pesou positivamente a divulgação das áreas e dos detalhes da 13ª Rodada de Licitações de blocos exploratórios feita pela diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard. No encontro, a executiva também apresentou potenciais áreas a serem ofertadas nos próximos leilões no modelo de partilha, os leilões do pré-sal.