30/07/13 16h00

Brasil ganha mais espaço na estratégia global da Novelis

Valor Econômico

Como resultado de sua estratégia global de crescimento orgânico, a Novelis espera terminar o ano fiscal de 2014 [em 31 de março] com expansão de 6% no volume de vendas de produtos semielaborados de alumínio, como chapas e folhas, para cerca de 3 milhões de toneladas, disse ao Valor, Phil Martens, presidente mundial da companhia, em entrevista por telefone. O Brasil, onde a empresa acaba de finalizar investimentos de US$ 340 milhões para a expansão de sua unidade de Pindamonhangaba (SP), é uma das principais apostas da empresa em seu plano internacional, afirmou o executivo.


A ofensiva no país se consolida hoje com a inauguração da expansão de sua fábrica na cidade paulista, cuja capacidade passa de 400 mil para 600 mil toneladas ao ano. O novo volume corresponde a quase todo o volume de chapas consumido no Brasil em 2012. A esperança da empresa, segundo Tadeu Nardocci, presidente na América do Sul e vice-presidente sênior, é que uma reação da economia brasileira puxe suas vendas. Outro objetivo é elevar as exportações a partir do Brasil.


Ao mesmo tempo, a Novelis amplia a capacidade em outras unidades globais, tanto na fabricação de produtos, como na reciclagem do metal. Na Coreia do Sul e Alemanha, em centro de reciclagem; nos EUA e na China, na oferta de chapas de alumínio voltadas para automóveis, menciona Martens. O CEO, que fica baseado em Atlanta, EUA, chega hoje ao Brasil para o evento.


Com a expansão, a unidade paulista deixa a Novelis com porte suficiente para atender o mercado pelo menos nos próximos três anos, na melhor das hipóteses, caso o crescimento brasileiro acelere. Se o avanço for mais brando, o tamanho da operação é adequado para os próximos seis anos, diz Nardocci. "Colocamos uma capacidade nominal que é praticamente a atual demanda do mercado. Em 2020, devemos pensar em nova expansão", diz


Em Pinda, como se diz, a Novelis faz principalmente chapas para latas de bebidas e outros tipos de embalagens e para a indústria de transporte. Os investimentos recentes incluíram a instalação de um laminador a frio, uma linha de fundição de placa, máquinas de acabamento e um forno para pré-aquecimento de máquinas.


A velocidade com que pretende atingir a nova capacidade vai depender da demanda. "O começo do ano foi bom, mas o segundo trimestre não foi tão bem", afirmou Nardocci. Sazonalmente, as vendas da Novelis costumam ser mais fortes nos três últimos e três primeiros meses de cada ano. Todavia, mesmo no neste momento os mercados não estão tão aquecidos como se previa, afirma ele.


A expectativa do executivo é conseguir emplacar novas aplicações para o alumínio no mercado brasileiro, como latas para alimentos, como uma forma de tentar ampliar seu mercado consumidor.


Ao mesmo tempo, quer elevar as vendas para a África, onde alguns países, como Nigéria e África do Sul, estão começando a ter substituição de latas de aço por latas de alumínio. Um dos desafios, nesse caso, é montar um esquema para trazer as latas usadas de volta ao Brasil - ou levar para a Europa - para a reciclagem, avaliam o CEO e Nardocci.


Subsidiária da Hindalco, do grupo indiano Aditya Birla Group, a Novelis tem suas operações divididas em quatro regiões: América do Norte, Europa, Ásia e América do Sul. A África, justamente com a ajuda da operação brasileira, é uma dos novos mercados a serem mais explorados pela empresa, segundo Martens e Nardocci.


Além do desafio de colocar a nova capacidade no mercado, a Novelis vê com preocupação a desaceleração da produção de alumínio primário no Brasil. A fábrica de Pinda utiliza sucata reciclada e alumínio primário, e pode ter seus gastos com logística elevados se precisar recorrer a importação. "É uma preocupação para os próximos anos", afirma Nardocci.


Desde 2008, a produção de metal primário no país vem declinando. Houve o fechamento de operações da própria Novelis (em 2010 e neste ano) e da Valesul (em 2009). A produção de 2012 atingiu 1,44 milhão de toneladas, 13% a menos do que em 2007 (com 1,65 milhão de toneladas), segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal).


A receita líquida global da Novelis no ano fiscal de 2013, quando a companhia produziu 2,79 milhões de toneladas de produtos de alumínio, alcançou US$ 9,8 bilhões. Já o lucro da companhia somou R$ 241 milhões, 10,5% acima do valor de 2012. A América do Sul ficou com US$ 1,4 bilhão.