13/04/10 10h10

Brasil ganha espaço na estratégia das múltis

Valor Econômico

Na semana passada, estiveram no Brasil dois presidentes mundiais de grandes fabricantes de autopeças, com objetivos semelhantes: ver com os próprios olhos o desempenho dos negócios por aqui e estreitar relações com clientes no mercado que conquistou papel de protagonista na estratégia global das empresas do setor. A visita cada vez mais frequente desses executivos, contudo, não necessariamente se traduz em anúncios de mais investimentos. Câmbio desfavorável às exportações e mão de obra considerada cara, entre outros fatores que pesam no chamado "custo Brasil", são apontados pelas empresas como obstáculos a aportes mais robustos. Pesa ainda o fato de haver excedente de produção no mercado internacional, que pode ser direcionado para o país.

"Assim como já ocorreu em outras regiões, o Brasil também terá de se tornar mais competitivo", afirmou o presidente da Eaton, Alexander Cutler. "O câmbio traz pressão sobre as exportações, mas o mercado interno aquecido funciona por enquanto como proteção", acrescentou. O executivo, que retornou aos Estados Unidos na sexta-feira, não esconde o otimismo com a operação brasileira. "A razão da visita é o potencial de crescimento. Estamos animados", disse. A aposta, contudo, não deve se refletir na ampliação do parque fabril nacional, constituído por sete fábricas, ao menos no curto prazo.

Segundo Cutler, assim como se vê nas montadoras, algumas linhas estão operando perto ou no limite de capacidade. Nesses casos, a americana poderá investir para melhora de produtividade e eficiência, com o objetivo de acompanhar a expansão projetada para a indústria automobilística brasileira. Hoje, praticamente tudo o que a Eaton produz aqui é vendido no mercado interno e não há perspectiva de retomada dos embarques, conforme Cutler. "Quase não há exportação e vemos que a importação de peças cresce rapidamente", comentou. "Ainda assim, o Brasil vai muito bem e vemos boas oportunidades por aqui nos próximos cinco anos".

Além de Cutler, esteve no país na semana passada o presidente mundial da Dana, James Sweetnam. Ex-executivo da Eaton, Sweetnam também destacou o novo papel do Brasil para os negócios globais da empresa, bem como os desafios que terão de ser enfrentados pelo país para manter-se atrativo aos olhos das multinacionais.