21/02/11 11h45

Brasil ganha destaque na estratégia da SKF

Valor Econômico

Pela primeira vez nos 97 anos de história da sueca SKF, o Brasil vai sediar a reunião anual do conselho mundial do grupo, um dos maiores fabricantes globais de rolamentos. A escolha do país para o encontro de 2011 não foi fortuita: neste ano, o faturamento da subsidiária brasileira deve encostar em R$ 1 bilhão (US$ 588,2 milhões) e a operação vai se confirmar como maior plataforma de produção da multinacional para rolamentos de câmbio, rodas e direção destinados a veículos populares. O momento também é completamente diferente daquele vivido pela SKF no país na década de 90, quando a abertura de mercado trouxe sérias consequências às vendas domésticas e a companhia acabou por fechar uma das duas fábricas que operava no Brasil. Naquela época, a operação brasileira era considerada o "patinho feito" do grupo e investimentos minguaram.

Passada a década de 90, a mais recente crise econômica e consolidado o papel relevante do Brasil para os negócios das multinacionais, o braço da SKF no Brasil voltará a crescer. Até meados do segundo semestre, o grupo vai investir R$ 13,5 milhões (US$ 7,9 milhões), em recursos próprios, para instalar mais uma linha de rolamentos na fábrica de Cajamar (SP), ampliando a capacidade produtiva em 20% - hoje, a unidade pode produzir 32 milhões de peças por ano. "Queremos acompanhar o vigor do mercado doméstico", explica o presidente da SKF do Brasil, Donizete Santos. Quando menciona demanda interna aquecida, o executivo refere-se tanto ao excelente momento da indústria automobilística - que bate recordes sucessivos de produção e vendas - quanto aos negócios nas áreas de infraestrutura, mineração, agrícola e transportes.

No ano passado, a área industrial, responsável pela entrega de rolamentos e outros componentes para bens de capital e produtos de linha branca, cresceu 25% no país, bem perto do índice de 28% verificado pela área automotiva. Segundo Santos, cerca de 60% da receita da operação brasileira, de R$ 800 milhões (US$ 470,6 milhões), foi gerada pela área automotiva. Além de fornecer rolamentos diretamente para as quatro maiores montadoras instaladas no país - GM, Fiat, Ford e Volkswagen -, a SKF fornece peças para o mercado de reposição, por meio de 65 distribuidores, com presença em todo o território nacional.

A melhora dos negócios no país se refletiu no peso da operação para o faturamento mundial do grupo. Em 2010, o Brasil respondeu por 4% das vendas globais, com avanço de um ponto porcentual na comparação com 2009. Até 2015, de acordo com Santos, essa participação deve chegar a 10%. Nesse período, toda a corporação deverá crescer: a meta estabelecida pelo conselho, de acordo com Santos, é dobrar de tamanho em cinco anos, contados a partir de 2011. Assim, o faturamento da SKF no mundo deverá chegar a US$ 19 bilhões ao fim desse prazo - em 2010, foram US$ 9,5 bilhões - e, no Brasil, as receitas deverão subir a R$ 1,6 bilhão (US$ 941,2 milhões).

O aporte em produção será acompanhado de diversificação do portfólio. Atualmente, parte dos componentes que a SKF vende no país é importada e algumas dessas peças poderão ser produzidas no país em algum momento até 2015. O grupo tem cinco plataformas mundiais de negócio e nem todas estão disponíveis no mercado nacional. Além de rolamentos, a maior área de negócio mundialmente, o grupo atua nos segmentos de vedações, sistemas de lubrificação, mecatrônica e manutenção industrial. "Mas não podemos adiantar quais são os planos nesse sentido", afirma Santos.