05/01/10 11h40

Brasil finaliza projeto para pesquisa em baixa gravidade

Valor Econômico

Os cientistas, técnicos e empresários brasileiros poderão, em breve, utilizar uma plataforma de fácil acesso e baixo custo para a realização de experimentos científicos e desenvolvimento de tecnologias e produtos que demandem um ambiente de microgravidade, onde a influência gravitacional é próxima de zero. O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), centro de pesquisa do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), já iniciou a fase de testes do Satélite de Reentrada Atmosférica (Sara), uma cápsula espacial projetada para operar em órbita baixa, a 300 km de altitude, por um período de 10 dias.

A influência mínima da ação gravitacional favorece a observação e a exploração de fenômenos e processos físicos, químicos e biológicos que seriam mascarados sob a influência da gravidade terrestre. Tais conhecimentos podem ser úteis no desenvolvimento de novos produtos em áreas como biologia, biotecnologia, medicina, materiais e fármacos. O Sara, segundo o gerente do projeto, Luís Loures, surge como uma alternativa barata e eficiente em relação aos meios já disponíveis, como as torres de queda-livre, voo parabólico, foguetes de sondagem, ônibus espacial e estações espaciais, como a MIR e a ISS.

A primeira versão do Sara, com lançamento previsto para o fim do ano, está sendo configurada para executar uma missão suborbital, ou seja, sem inserção em órbita e com um sistema de recuperação da carga útil ou dos experimentos. "Nesse primeiro projeto os maiores desafios tecnológicos estão relacionados ao desenvolvimento da eletrônica de bordo, sistema de recuperação da carga útil e o módulo de experimentação", explica o pesquisador. A segunda versão do SARA, que será lançada ao espaço, terá capacidade para transportar até 55 quilos de experimentos, que poderão desfrutar de um tempo total de microgravidade de 10 dias, o mesmo período oferecido para a realização de pesquisas e testes em missões com os ônibus espaciais.

Várias companhias brasileiras participam do projeto do satélite. A Cenic Engenharia, de São José dos Campos, é a responsável pelo processo de industrialização da plataforma. A Mectron Engenharia desenvolve a eletrônica da plataforma e a Orbital Engenharia se responsabiliza pelo sistema de recuperação da carga útil. A EQE está fazendo o sistema eletrônico do módulo onde serão acoplados os experimentos científicos.