Brasil fecha US$ 12 mi em negócios durante feira de saúde
Começando com oito empresas, pavilhão brasileiro cresceu seis vezes
Apex-BrasilFoi no ano de 2002 que empresas brasileiras pisaram pela primeira vez no pavilhão oficial do Brasil na Medica, em Düsseldorf, na Alemanha, maior feira de saúde do mundo. Ainda que naquele ano não existisse a marca Brazilian Health Devices como hoje é conhecida, nascia ali a brilhante trajetória do projeto desenvolvido em parceria entre a ABIMO e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que tem como missão fomentar as exportações das indústrias brasileiras de dispositivos médicos e odontológicos. Nessa época, o Brasil praticamente não exportava produtos médicos e importava quase tudo o que consumia em termos de equipamentos de ponta e produtos com alto grau de sofisticação.
“A indústria de uma maneira geral ainda não estava tão preparada para a exportação, e apenas dava pequenos passos em direção ao mercado internacional, através de algumas empresas pioneiras”, relembra a gerente de marketing e exportação da ABIMO, Clara Porto. “Há 15 anos levávamos pela primeira vez os associados para essa feira, o que com certeza foi um marco na trajetória de todas as empresas que foram conosco”, conta o presidente da ABIMO na época, Djalma Rodrigues, também à frente da Fanem. “Nossa primeira participação foi cheia de emoções, pois estávamos aterrissando no espantoso mundo da alta tecnologia”, relembra.
Cinquenta empresas estiveram na Alemanha neste ano para essa edição especial focada no Brasil. Foram 39 empresas no pavilhão principal, que fica no Hall 17; quatro no Hall 3, de laboratórios; e outras quatro no Hall 4, de fisioterapia e ortopedia. Outras três empresas participaram com estandes próprios. Os resultados superaram as expectativas: foram quase 2 mil contatos feitos em quatro dias de evento, que resultaram em US$ 348 mil em negócios imediatos, com projeção para os próximos 12 meses de US$ 12 milhões. Clara Porto atribui o bom resultado ao extenso trabalho de relações públicas e imagem, feitos desde o final da edição de 2015, ao longo do ano todo. “Trabalhamos incessantemente a imagem dos 15 anos do pavilhão brasileiro na MEDICA e isso nos ajudou muito na promoção comercial”, conta.
Primeiras impressões
Segundo Rodrigues, a primeira vez do Brasil na Alemanha foi um choque para todos, até mesmo para os visitantes, que desconheciam a capacidade do Brasil de produzir dispositivos médicos e inclusive, curiosamente, confundiam os produtos com aqueles provenientes de outros países, como México e Turquia. “Foi através dessa presença na feira, e organizado em um pavilhão nacional, que o Brasil pôde mostrar ao mundo que era, sim, uma opção de qualidade na área de dispositivos médicos. E tenho certeza que a vida de muitas dessas empresas mudou a partir dali”, diz o ex-presidente da ABIMO.
Outra pessoa que pode contar com propriedade o que ocorreu há 15 anos é Waleska Santos, fundadora da Feira HOSPITALAR, maior evento de saúde da América Latina e terceiro do mundo: “Antes mesmo da primeira edição da HOSPITALAR, em 1994, já iniciamos nossa participação naquela que viria a ser a maior e mais importante feira do setor médico-hospitalar do mundo”, conta a empresária.
A Olidef Equipamentos Médicos e a JP Farma participam como expositoras da Feira Medica desde o início. “Como empresas exportadoras para mais de 50 países, consideramos a feira um momento especial para encontrarmos clientes atuais e futuros distribuidores”, conta o diretor das empresas, André Ali Mere Jr. “O projeto BHD, em parceria com a Apex-Brasil, deve ser saudado como um importante e imprescindível lançamento para o mercado externo”.
Memórias
De 2002 para cá, ano após ano, o pavilhão brasileiro coleciona novidades e bons resultados para o país. De oito empresas participantes no primeiro ano, que contabilizaram US$ 100 mil dólares em negócios, já na terceira participação o número de empresas expositoras era muito mais expressivo: 40 empresas. Em sua quinta participação, o pavilhão do Brasil viria a ocupar o lugar no qual permanece até hoje.
O primeiro recorde de fechamento de negócios foi atingido em 2009, pelas já 50 empresas participantes, com mais de 3.500 contatos realizados, e US$ 19 milhões de expectativa de negócios. Ao completar 10 anos de participação na Medica, em 2011, o Brazilian Health Devices era lançado internacionalmente como a nova marca da indústria brasileira de dispositivos para saúde e comemorava aumento de 232% nas exportações brasileiras desde 2002. A primeira década foi marcada pelo lançamento da marca, hoje já consagrada, em um evento para autoridades brasileiras e estrangeiras, imprensa e clientes internacionais.
Malu Sevieri, diretora da empresa brasileira que representa a Messe Düsseldorf (empresa promotora da Medica), conta que muita coisa mudou nos últimos 15 anos: “Primeiro o que é notável fisicamente é a mudança em qualidade e quantidade dos expositores. A cada feira que passa, o pavilhão Brasileiro conta com mais empresas aderindo ao projeto e particularmente eu acho que nos últimos dois, três anos o layout dos estandes ficou muito mais bonito”, diz. Ela conta também que percebe uma participação mais madura dos expositores: “Eles vão muito bem preparados para se apresentar na feira, o que com certeza ajuda a ter um resultado positivo. Nós brasileiros, culturalmente, temos a tendência a achar que a tecnologia estrangeira é melhor, e na Feira Medica fica nítido que fabricamos produtos de alta qualidade e somos muito competitivos”, diz.
A importância e representatividade dos produtos brasileiros ficavam cada vez mais evidentes. Tanto que, em 2013, garantiram grande visibilidade na Medica com a maior participação do país desde que iniciou sua exposição internacional na feira. Além do pavilhão principal, pela primeira vez o Brasil foi representado por quatro empresas na área da feira exclusivamente dedicada a Laboratórios e Diagnóstico, no Hall 3. O objetivo, além de fortalecer a imagem do Brasil como fornecedor de produtos para laboratório, foi estabelecer negócios mais efetivos para as empresas deste setor, afinal, é neste pavilhão onde se encontram os principais players mundiais da cadeia de diagnóstico. Em 2014, o Brasil passou a ser representado também no hall dedicado a fisioterapia e ortopedia, o Hall 4.
“Essa segmentação permitiu que nossas empresas estivessem lado a lado com seus principais concorrentes e com oportunidades iguais de encontrar compradores interessados especificamente em seus segmentos”, conta Clara. “A cada ano procuramos melhorar as estratégias e implantar ações inovadoras. Tem funcionado. Nossa trajetória na Medica é um orgulho para o Projeto Brazilian Health Devices e para a ABIMO”, finaliza.
Edição 2016
Com o apoio da ABIMO, representantes da Fipase (Fundação Instituto Polo Avançado da Saúde), gestora do Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto, e de empresas do APL (Arranjo Produtivo Local) da Saúde; empresas ligadas à AGDI (Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento) e membros da Feira Hospitalar também fizeram parte da Comitiva. Membros do Ministério da Saúde e da Anvisa também estiveram no estande da ABIMO.
O aniversário de 15 anos do pavilhão brasileiro foi comemorado durante o já tradicional Brazilian Happy Hour, com comidas e bebidas típicas do Brasil para o público internacional, além de música brasileira ao vivo. A festa foi restrita aos convidados das companhias brasileiras, e cada empresa poderia convidar até dez dos seus compradores e parceiros. Ainda assim, mais de 500 pessoas, entre representantes de empresas, clientes, distribuidores e mídia internacional estiveram presentes.
A Apex-Brasil foi homenageada pela ABIMO pela contribuição e pelo incentivo ao Projeto Brazilian Health Devices. “Há 15 anos, a participação do Brazilian Health Devices na Medica foi o pontapé inicial em termos de ações concretas de promoção comercial internacional de uma longa parceria construída entre Apex-Brasil e ABIMO”, relembra o gestor do projeto dentro da Agência, Gabriel Isaacsson. Um trabalho conjunto que, segundo ele, até hoje envida esforços de ambas as partes em torno de um objetivo comum: fomentar a competitividade do complexo industrial brasileiro de dispositivos médico-hospitalares e odontológicos através do posicionamento internacional do nosso país no mercado e da realização concreta de negócios, deixando como fruto uma extensa carteira de clientes e parceiros satisfeitos em fazer negócios com o Brasil.
“Hoje, nosso país é reconhecido como parceiro importante globalmente, não apenas como um enorme mercado consumidor, mas também como fornecedor de health devices com excelente relação custo-benefício”, diz. “São muito importantes os resultados da continuidade e da evolução brasileiras neste evento que, sem dúvida, é o grande encontro anual da indústria do setor.”
Outra figura homenageada foi o diretor da MEDICA em 2002, Manfred Kotschedoff, pela iniciativa de ter lançado oficialmente o pavilhão brasileiro no evento daquele ano e por ter apoiado o BHD desde a primeira participação. Joachim Schäfer, atual presidente, também foi homenageado pelo apoio à participação de empresas brasileiras no evento.
“Acredito que esses 15 anos trouxeram maturidade internacional para os empresários brasileiros. Maturidade essa que fez com que as empresas tivessem seus produtos e padrões de qualidade em níveis internacionais, compromissos de entrega, principalmente considerando a capacidade instalada no Brasil hoje, já que é capaz de atender a mais de 95% das necessidades de um hospital”, comenta Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da ABIMO.
Empresas
“Nós participamos da MEDICA para fortalecer o contato com parceiros que já temos de outras feiras e que hoje fazem parte dos nossos fornecedores, assim como viemos buscar novos mercados e explorar novos parceiros na Europa”, conta Mônica Guanabara, da Estek Tecnologia. O produto destacado durante o evento foi o Facebox, um moderno equipamento para padronização de fotos da face dotado de ótica especial que evita reflexos, deformações e permite fotografia UV colorida das fluorescências (porfirina, entre outras). Acompanhando a modernidade e tecnologia, o Facebox oferece adaptador para quase todos os smartphones, permitindo o uso de softwares livres. As exportações representam 10% do faturamento da empresa e, para 2017, a ESTEK pretende buscar novos mercados na União Europeia e continuar ampliando o comércio nos países árabes. “Nosso objetivo foi plenamente alcançado. Encontramos novas pessoas, firmamos parcerias e conseguimos fechar negócios com fornecedores de outros países. Neste ano tivemos muito êxito no nosso propósito”, comemora.
Para Flávia Carvalho, gerente de exportação da HPBio, a participação na MEDICA foi importante para apresentação e introdução do Cateter de Monitorização de Pressão e temperatura Intracraniana no mercado europeu, que deve ocorrer em 2017, além da prospecção de novos clientes para países onde já atua e onde ainda não atua. “O cateter foi bem aceito, e os clientes gostaram bastante da tecnologia”, conta Flávia.
Com o lançamento do monitor, a HpBio passará a fornecer solução completa para a Monitorização da PIC com microssensor, muito simples de utilizar, sem a necessidade de calibração pré-implante do cateter e zeramento do monitor. Para o próximo ano, a empresa espera maior expansão do mercado com a finalização de alguns registros em países com grande potencial de consumo como Indonésia, Egito, Argentina e Rússia. “Agora vamos focar no processo de certificação, mas a demanda está alta para o contrato de distribuição na Europa”, finaliza.
Outra empresa que só depende da certificação CE para entrar no mercado é a Corcam Tecnologia, companhia que desenvolve soluções tecnológicas para monitorar a saúde humana, que esteve pela primeira vez da MEDICA. As expectativas eram grandes em função da feira ser realizada no Hemisfério Norte, com grande potencial de mercado para os produtos da família Nexcor, que conta com sistema de monitoramento autônomo e inteligente para acompanhamento da saúde do coração, capaz de detectar precocemente possíveis intercorrências cardíacas.
Segundo o diretor Carlos Melo, a feira foi muito proveitosa: “Recebemos vários interessados, e destaco um distribuidor importante que está fazendo toda a troca de sua tecnologia de monitoramento”, diz. Melo ressalta também contatos com Sri Lanka e Índia, países carentes de tecnologias na área cardiológica.
O Grupo JP, formado pelas empresas JP Farmacêutica e Olidef, lançou no evento o primeiro medidor de bilirrubina com tecnologia 100% brasileira e a Incubadora de Transporte RWT-Plus com alta tecnologia embarcada. “A Olidef participa da Feira MEDICA há 15 anos e essa tem sido uma importante vitrine para empresas de todos os portes que atuam globalmente”, avalia André Ali Mere, presidente do Grupo JP. Segundo o executivo, além de reverter em vendas, a presença na feira serve para identificar potenciais distribuidores, se aproximar dos atuais distribuidores internacionais, atualizar dados sobre concorrência e mercado, além de ajudar na divulgação dos produtos e da marca da empresa.
A Phoenix Luferco recentemente obteve a marcação CE para seu principal produto – a autoclave horizontal – e empregou muitos esforços para mostrá-lo aos clientes internacionais: “Sabemos das dificuldades políticas e econômicas enfrentadas pelos países europeus e pelos exportadores de petróleo, principalmente, mas estamos otimistas de que começamos a construir uma nova imagem nessa edição da MEDICA que vai trazer bons frutos em um futuro próximo”, diz Keila Vitola Druzian, representante da empresa.
Outra empresa que considera 2016 um ano proveitoso e de expansão é a Neoortho. “A influência do dólar auxiliou a flexibilização de preços e condições comerciais, e com isso a Neoortho pôde ser mais atrativa aos mercados internacionais”, conta o gerente de vendas, Mayton Augusto Chacon. Com a participação da MEDICA, a expectativa é atrair mercados do leste Europeu e países emergentes nos quais a Neoortho possa ser considerada como uma opção viável em relação ao custo-benefício.
Estandes próprios
A Magnamed, empresa brasileira voltada para o mercado de cuidados intensivos e especializada em ventilação pulmonar, marcou presença mais uma vez na feira. “Participar desta feira é muito importante, pois é a oportunidade de apresentar nosso portfólio para os principais compradores do mundo. Temos boas perspectivas de negócios”, ressalta Reginaldo Damião, gerente de Exportação da Magnamed.
“Para nós é estratégico marcar presença na Feira MEDICA, pois se trata de uma vitrine mundial para o setor”, explica Persio Carleto de Almeida, supervisor de comércio exterior da Carci. Segundo o executivo, o compartilhamento de informações e a troca de experiências tem ajudado a empresa a ampliar seus horizontes desde a primeira participação. “Ao longo dos anos, fomos ganhando reconhecimento e aumentando nossa presença em outros países também”, destaca. Neste ano a companhia apresentou no evento diversas linhas, com destaque para os aparelhos de Eletroterapia e o CPM. “Estamos aprimorando nosso mix para oferecer ainda mais acurácia e eficácia”, completa Almeida. A expectativa da empresa é aproveitar o fluxo de formadores de opinião e agentes multiplicadores de todo o mundo, além de abrir novos mercados.
“A MEDICA, por ser a mais importante do mundo, é a melhor vitrine que o empresário brasileiro pode ter para que seus produtos alcancem diferentes territórios no mundo”, finaliza Paulo Fraccaro, da ABIMO.
Linha do tempo: o brasil na Medica
2002 – Primeira participação com 8 empresas, US$ 100 mil em negócios.
2004 – A participação passou a ser de 40 empresas brasileiras.
2006 – Cinco anos de participação na MEDICA. O pavilhão brasileiro passou a ocupar a localização atual.
2009 – Recorde de fechamento de negócios pelas 50 empresas com mais de 3.500 contatos realizados e US$ 19 milhões de expectativa de negócios.
2010 –US$ 3 milhões durante a feira.
2011 – A indústria brasileira da saúde comemora 10 anos de participação e lança sua marca internacional, a Brazilian Health Devices.
– Também completou uma década de êxito na realização do Projeto, que aumentou as exportações em 232% desde 2002.
2012 – Primeira edição do Brazilian Happy Hour no pavilhão brasileiro.
2013 – Pela primeira vez, o Brasil foi representando por 4 empresas na área da feira exclusivamente dedicada a Laboratórios e Diagnóstico.
– 86% dos participantes da feira apontaram o Brasil como integrante de alta competitividade no mercado mundial.
– Foram feitos mais de 2.500 contatos com 100 países, fechando o montante recorde, até então, de US$ 2.260.000,00.
2014 – A ABIMO promoveu o 1º Fórum de Discussão de Política Industrial e Regulação na Internacionalização
2015 – A ABIMO participou de um fórum promovido pela Associação Internacional de Micro e Nanotecnologia para discutir as relações bilaterais entre Brasil e Alemanha na área médica.
2016 – Comemoração de 15 anos na MEDICA.