31/08/07 14h29

Brasil faz venda inédita pós-2012

Valor Econômico - 31/08/2007

O Brasil se tornou ontem o primeiro país da América Latina - e um dos poucos do mundo - a fechar o primeiro contrato de comercialização de créditos de carbono que vigorará após 2012, quando teoricamente chega ao fim o Protocolo de Kyoto. A empresa Penha Papéis e Celulose venderá 30 mil toneladas de CO2 equivalente por ano ao banco alemão KFW, conforme acordo selado ontem em São Paulo. Os créditos são referentes à fábrica em Santo Amaro (BA), que substituiu a queima de óleo combustível por biomassa de bambu para a produção de papel. "É um contrato extremamente inovador e emblemático", afirma Daniel Ricas, gerente da consultoria KEY ASSOCIADOS, responsável pelo desenvolvimento e acompanhamento do processo de comercialização dos créditos. "O KFW tinha fechado um contrato nesses moldes só na Índia". O projeto está em fase de validação. A expectativa é que no começo do ano que vem já obtenha o registro na ONU, o sinal verde necessário para a contabilização e venda dos créditos de carbono. Por substituir o combustível fóssil por uma fonte renovável, a Penha está contribuindo com os esforços internacionais em minimizar o volume de gases que provocam o efeito estufa. Cada tonelada de CO2 que a empresa deixa de emitir equivale a um crédito. Esses créditos são vendidos a europeus e japoneses, signatários do Protocolo de Kyoto, que necessitam reduzir as emissões em 5% frente aos níveis de 1990. O ineditismo desta operação, diz Ricas, está justamente no fato de os créditos de carbono vigorarem até 2014. "Há muitas incertezas sobre o que vai acontecer após 2012, quando termina Kyoto. Por isso, a venda de créditos tem se limitado a esse período."