29/08/08 11h34

Brasil e Rússia são principais destinos da inglesa Ashmore

Valor Econômico - 29/08/2008

"Todos os países têm risco, mas a diferença nos emergentes é que eles já estão incluídos nos preços." É assim que o diretor de pesquisa e integrante do comitê de investimentos da Ashmore Investment Management, Jerome Booth, distingue as economias centrais daquelas em desenvolvimento, situação que ficou escancarada em meio ao recente colapso de crédito americano. Com US$ 37,5 bilhões sob gestão em fundos, carteiras administradas e operações estruturadas, a gigante inglesa tem o Brasil como um dos destinos prioritários na alocação de recursos entre os 60 emergentes que tem no radar: as aplicações oscilam de US$ 5 bilhões a US$ 7 bilhões, revezando com a Rússia a condição de número 1. "O Brasil vai se transformar num mercado de capitais global e é inevitável a atuação de outros competidores", disse Booth ao Valor, em passagem pelo país nesta semana. Ele conta que a expansão das operações brasileiras tende a seguir a trajetória da Ashmore em outros mercados, privilegiando o crescimento orgânico e a construção de relacionamentos de longo prazo. Para Booth, a atratividade dos emergentes reside no fato de que já não cabe mais a eles a classificação de países periféricos. Conforme enumera, essas nações têm as maiores taxas de crescimento e de retorno sobre o capital, contam com as principais fontes de recursos naturais do planeta e reúnem 85% da população mundial. Uma parcela de 35% destinada a ativos de emergentes seria razoável, o que está muito longe da média atual, que não chega a 5%. No Brasil, em meio à batalha contra a inflação empreendida pelo Banco Central (BC), as oportunidades aparecem mais naturalmente na renda fixa, em títulos de dívida pública ou corporativa de alto rendimento. A partir do ano que vem, quando cessar o atual ciclo de aperto monetário, já será possível pensar em ampliar o prazo da carteira. Na renda variável, Booth se mostra mais entusiasmado com investimentos em participações em empresas ("private equity") - em setores como energia, telecomunicações, imobiliário e agricultura -, do que com a própria bolsa, altamente dependente das oscilações do mercado americano.